Wednesday, February 28, 2007

Cinema - Antônia

Esqueça as favelas do Rio e o sertão do Nordeste. Em Antônia, o que assistimos são aspirantes a cantoras de rap de Vila Brasilândia, São Paulo, tentando vencer na vida. Uma forma diferente da utilizada por diretores como Fernando Meirelles, Walter Salles e Karim Aïnouz de mostrar a pobreza e a injustiça social do País. Uma forma mais musicada, e não menos lírica. Tata Amaral está de parabéns.

Antônia conta a história de quatro amigas de infância que sonham em, juntas, fazer sucesso através da música. Lena (Cindy), Mayah (Quelynah), Barbarah (Leilah Moreno) e Preta (Negra Li) são donas de vozes potentes que casam muito bem com o ritmo da periferia paulistana, o rap. Quando o grupo, que fazia os "backing vocals" de um rapper, abre um dos shows cantando uma música como vozes principais do palco, logo ganham o malandro Marcelo Diamante (Thaíde, ótimo) como empresário. Mas nem tudo são flores: as amigas tem que conviver com o preconceito, com relacionamentos, e com turbulências que abalam o promissor Antônia.

Tata faz um ótimo trabalho. A câmera trêmula nos leva a conhecer a intimidade das cantoras. Suas caminhadas, seguindo as meninas pelos becos da Brasilândia são belos e penetrantes, e conseguem o efeito desejado. Em Antônia o ambiente não serve apenas para ilustrar. Ele é peça importante da trajetória.

Outra ótima observação que deve ser feita é sobre o elenco do longa. As quatro atrizes principais do projeto, inexperientes, conseguem excelentes performances na pele das protagonistas. Trabalhando com um roteiro que dá muitas margens a improvisos, tanto o elenco principal quanto o de apoio se sai muito bem.

Um projeto ambicioso, que compreendia além do filme, uma minissérie em cinco episódios (muito boa, por sinal) sobre as rappers, Antônia é mais um grande fruto do Cinema brasileiro, que no século XXI entrou numa fase criativa inédita. Nós, cinéfilos, agradecemos.
Nota 8,5

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