Thursday, March 08, 2007

Cinema - Rocky Balboa

A série de filmes Rocky é uma das mais famosas do Cinema, e seu protagonista é um dos maiores ícones de Hollywood, símbolo de persistência, de dedicação e de vitória. Somente por esses motivos mais uma seqüência já seria algo arriscado. Se somarmos a esse risco os fatos de Sylvester Stallone ser um astro em quase-decadência e de o último longa sobre o boxeador ter sido lançado em 1990 ( um retumbante fracasso, diga-se de passagem), a tal seqüência se transformaria em uma bomba-relógio. Pois bem: massacrado desde o início dos boatos sobre a produção, Sly arrebenta tanto em frente quanto por trás das câmeras, e Rocky Balboa cala os pessimistas e detratores, se transformando em um dos melhores filmes dos úlimos meses.

Rocky está com quase 60 anos, aposentado, viúvo, triste, e tocando sua vida e seu restaurante, que leva o nome da esposa, Adrian, que faleceu devido ao câncer. Não é muito próximo do filho, o que só serve pra aumentar sua amargura. Quando uma rede de TV faz uma montagem em computação gráfica em que Rocky nocauteia Mason Dixon, atual campeão dos pesos pesados, e constantemente vaiado por ser frio demais (chamado de mecânico por um narrador após vencer com facilidade um adversário), o ex-boxeador é convidado pelos empresários de Dixon a realizar uma luta, uma exibição de gala, uma espécie de personificação da montagem virtual. É a chance de Rocky se livrar da fera que ele sente estar aprisionada dentro de si, e com a ajuda do cunhado Paulie, e da amiga Marie (que no primeiro longa da série era uma menina revoltada que recebe e ignora um conselho de Rocky, em uma ponta de luxo), vai com tudo para o embate.

De certa forma, Rocky Balboa tem um quê de pessoal por parte de Stallone. Assim como o personagem, o ator sente que hoje não é mais seu tempo, que já foi ídolo, e que esse é o final que merece: lutando, como sempre foi. E Sly vai muito mais além de uma grande atuação: é responsável pela ótima direção do longa, que apesar de abusar um pouco das câmeras lentas e do quase inevitável clima de nostalgia, é muito competente em criar a atmosfera e a aura que Rocky merece. O roteiro, também de Stallone, merece a mesma reverência que a direção, por mostrar um sujeito amargurado longe do caricatural, e por não enfiar no enredo uma paixão entre o ex-lutador e Marie, o que seria algo impensável.

Mas tudo poderia ir pelo ralo se a luta final não fosse o grande momento do longa, o que não acontece, já que o embate entre Balboa e Dixon é emocionante, como não poderia deixar de ser. Em alguns momentos escutei sons de bombas explodindo a cada soco, o que é um recurso interessante. O resultado final ainda serve pra emocionar mais o espectador, ao som das arquibancadas gritando "Rocky! Rocky!". Um final apoteótico e mais que merecido para Rocky Balboa e Sylvester Stallone.

E eu saí chorando da sala ao fim da projeção.
Nota 9,0

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