Saturday, June 09, 2007

DVD - O Labirinto Do Fauno

Em 2006, três famosos diretores mexicanos provocaram um verdadeiro alvoroço no mundo cinematográfico com seus filmes. Presente, passado e futuro eram abordados em cada produção que, no fim, pareciam se completar, quase como uma trilogia sobre a humanidade. É evidente que estou me referindo a Alejandro González-Iñárritu, Alfonso Cuarón e Guillermo Del Toro, que com Babel, Filhos Da Esperança e O Labirinto Do Fauno, obras importantíssimas no quesito político e social (o fato de Babel não ter me agradado tanto quanto os outros não me faz pensar que isso diminua sua importância), escreveram seus nomes de vez no rol dos grandes diretores do momento.

Quando O Labirinto Do Fauno tem início, o espectador é apresentado à menina Ofélia, que viaja ao lado de sua mãe, a triste Carmem, para uma região motanhosa na Espanha fascista de 1944, a fim de encontrar o Capitão Vidal, novo marido de Carmem. Apesar de a Guerra Civil já ter chegado a um fim, grupos militares ainda tentam combater o regime. Durante a noite, Ofélia é levada por uma fada a um labirinto, onde reside um fauno, que conta à menina que ela é na verdade uma princesa de um reino antigo, e que para comprovar sua natureza real, ela teria que passar por três perigosas provas.

Contando com uma parte técnica primorosa, Del Toro realiza um trabalho excepcional. Misturando fantasia, realidade e contrastando ambos, o diretor faz de Ofélia a sua Alice, triste, descortinando um mundo muito mais pesado, embora não menos atraente, que o descoberto pela loirinha do famoso conto. Tal comparação não é um devaneio; repare no vestido que a protagonista usa em um certo momento da trama: ele é quase igual ao de Alice, apenas com o alegre azul sendo trocado pelo escuro verde.

No campo das atuações, O Labirinto Do Fauno também oferece um show à parte. Da ótima Ivana Baquero, que faz de Ofélia uma personagem forte e incrivelmente verossímil, apesar da natureza fantasiosa da história, aos mais experientes Sergi López e Maribel Verdú, todo o elenco realiza um ótimo trabalho, nos fazendo acreditar na melancolia de Mercedes ou na caricatural maldade de Vidal, como se fossem pessoas das mais reais.

Acredito eu que Guillermo Del Toro, através de seu roteiro e sua direção, e do trabalho do diretor de fotografia Guillermo Navarro, vencedor do Oscar na categoria, quis nos provocar um questionamento sobre o que deve ser mais assustador e perigoso: a triste realidade que podemos presenciar, ou os caminhos incríveis que nossa imaginação podem tomar para que consigamos uma fuga, mesmo que temporária, do mundo real.

Um dos grandes filmes de 2006, O Labirinto Do Fauno serve para evidenciar que a as Américas, que não os Estados Unidos, também têm muita lenha pra queimar.
Nota 9,5

1 comment:

Anonymous said...

um grande filme mesmo