Friday, July 20, 2007

Cinema - Harry potter E A Ordem Da Fênix

David Yates precisou de apenas vinte minutos pra transformar seu A Ordem Da Fênix no melhor exemplar da série Harry Potter. A visão que o espectador tem de Harry no parquinho, olhando tristemente algumas crianças a brincar, provavelmente pensando na inocência que a vida foi lhe tirando ao longo dos anos, seguida pelo ataque dos dementadores a ele e seu primo Duda, é de tirar o fôlego. O diretor, ajudado pelo ótimo roteiro de Michael Goldenberg, suprime de vez todo o resto de inocência e alegria que estava se perdendo pouco a pouco, e aposta todas as fichas no clima sombrio e melancólico que deve ditar as regras até o fim da franquia nos cinemas.

A quinta aventura do bruxo gira em torno de um tema recorrente nos filmes pra TV de Yates: a política. Inconformado com os boatos de que Voldemort estaria de volta, o Ministro da Magia Cornélio Fudge coloca em Hogwarts Dolores Umbridge, professora megera que seria os olhos e ouvidos de Fudge na escola. Como já era de se esperar, Umbridge (que faz de tudo para assumir as rédeas de Hogwarts no lugar do professor Dumbledore) não tem um bom relacionamento com Harry, já que ele afirma com todas as letras que Voldemort realmente está de volta, e faz do jovem a primeira vítima de seus métodos de punição. Potter, aliás, passa a ser perseguido e a sofrer com a idéia de que ele estaria atraindo o bruxo mal para si e colocando todos à sua volta em perigo. Mesmo assim, ajudado por Rony e Hermione, ele funda a Armada de Dumbledore, onde ele reúne alguns alunos como ele, uma espécie de exército rebelde, que acaba se envolvendo de corpo e alma no confronto com o lorde das trevas.

Neste quinto capítulo, personagens que eram meros coadjuvantes no início, como Neville Longbottom e os irmãos de Rony, ganham muito mais importância ao se envolverem na Armada. O espectador é apresentado à tal Ordem do título, e conhece também os comensais da morte, uma nova vilã (Bellatriz Lestrange, prima de Sirius Black), e percebe de vez a maldade em Lucius Malfoy. Não existe mais o fascínio pelo mundo dos bruxos, nada mais é colorido e alegre como os feijões de todos os sabores ou uma partida de quadribol. Agora tudo é cinza e com um ar de tristeza que permeia toda a trama.

Na verdade, as adaptações para cinema de Harry Potter se transformaram em verdadeiros exercícios de estilo, devido à constante troca de diretores. David Yates, além de imprimir a sua marca, faz em Harry Potter E A Ordem Da Fênix um apanhado do que de melhor cada longa anterior tinha. O esmero técnico do longa de Alfonso Cuarón (O Prisioneiro De Azkaban) está lá, aliado à narrativa menos infantil do filme de Mike Newell (O Cálice De Fogo). Chris Columbus (A Pedra Filosofal e A Câmara Secreta), ficou registrado apenas nas lembranças de Harry, que o espectador presencia quando Snape faz uso de um feitiço para entrar na mente do herói. O traço de Columbus não cabe mais no universo da série.

Harry Potter ficou maior, mais adulto, mais sério, e ficou bem melhor. Com o sexto título (Harry Potter E O Enigma Do Príncipe) confirmado nas mãos de Yates, eu me sinto muito mais seguro, pois sei que o que foi construído no quinto e melhor capítulo não vai se perder.
Nota 9,5

1 comment:

Anonymous said...

é um otimo filme, mas acho que esta longe de ser o melhor da serie