Maria Antonieta

Marie Antoinette, de Sofia Coppola

Este foi, sem dúvida alguma, o filme que mais dividiu opiniões durante o primeiro semestre do ano; enquanto alguns celebravam o alcance de Sofia Coppola à tao falada "maturidade profissional", outros condenavam a diretora-roteirista, chamando-a de pretensiosa e o seu novo trabalho de vazio. Acredito eu que talvez Sofia tenha feito Maria Antonieta com essa intenção: um filme para quem quisesse e conseguisse comprar sua idéia e embarcar nessa viagem.

O longa trata dos anos da jovem austríaca Antoine na França do século XVIII. Levada de casa para Versailles para se casar com o futuro rei Luís XVI, a jovem passa a ser chamada de Maria Antonieta, a ser tratada com todas as regalias, e devido ao ócio, se afunda no consumismo, nos doces, roupas e sapatos. Quando o casal assume de vez o trono francês, a situação começa a ficar insustentável, e a jovem rainha passa a despertar o ódio do povo, culminando na grande crise pela qual a França passou na época.

Preocupada em retratar Maria Antonieta como uma jovem fútil não por natureza, mas por força das circunstâncias, Sofia Coppola faz um trabalho magnífico. Usa e abusa de cenas em que mesmo cercada de gente, a rainha parece sempre isolada. Sofia não tenta inocentar a protagonista nem acusá-la, preocupa-se apenas em retratar aquele período da vida daquela menina numa terra de costumes tão estranhos a ela. Coppola faz também um paralelo muito interessante com a mulher do século XXI, ao executar na trilha sonora de Vivaldi a Strokes, e ao deixar no quarto de sua personagem o par rosa de tênis All Star. Kirsten Dunst pareceu entender perfeitamente a proposta da diretora, e compõe com graça e segurança sua versão da rainha francesa.

Um dos melhores filmes do ano, que merecia bem mais reconhecimento do grande público, Maria Antonieta é uma obra singular, com sentimento, e com brilho suficiente para permanecer por bastante tempo na memória do espectador.