Assunto de Meninas

Lost and Delirious, de Léa Pool

O cinema tratou de diversas formas o homossexualismo. Mas nunca esse assunto foi retratado com tanta delicadeza e perfeição como nesse Assunto de Meninas. Na verdade, essa produção canadense dirigida por Léa Pool não visa mostrar a verdadeira face nua e crua do sofrimento homossexual, e sim uma linda história de amor entre duas jovens separadas pelo medo do preconceito.

Mary é uma menina que, desde a morte da mãe não sabe o que significa a palavra felicidade. E pior: contra sua vontade é matriculada em um colégio interno para meninas. Lá, se torna companheira de quarto de outras duas meninas, Paulie e Victoria, aos olhos de todos amigas inseparáveis. Mas entre quatro paredes as duas escondem um segredo: são amantes ardentes e apaixonadas. Mary logo se torna amiga e confidente das duas. E, após Victoria desmanchar o namoro com Paulie, com medo do preconceito que sofreriam, cabe à jovem órfã ajudar as duas a superar o sofrimento, enquanto Paulie vai enlouquecendo aos poucos.

A grande tirada de Léa Pool foi justamente o que eu já disse no início desta crítica: a diretora fez questão de não fazer com que o homossexualismo fosse o assunto principal do filme, transformando a opção sexual das personagens Paulie e Victoria em apenas mais um ingrediente desta história. E ela consegue isso com perfeição, principalmente porque a história é narrada por Mary, que é uma espécie de coadjuvante no enredo do filme, trazendo a nós apenas a visão de Mary sobre o assunto, e não se aprofundando muito na mente e no sofrimento de Paulie e Victoria.

Quanto às atuações, Jessica Paré está muito bem como Victoria e, principalmente, Piper Perabo está perfeita, encarnando Paulie de maneira visceral. Já Mischa Barton, que tinha a difícil missão de interpretar Mary, a narradora e importante personagem no filme, tem uma atuação apenas correta. O resto do elenco está bem dentro do que lhe cabe fazer, que é apenas dar o suporte para que Jessica, Piper e Mischa possam concluir seu trabalho.Sensível e tocante. Pra finalizar, apenas digo: assistam com olhos humanos a Assunto de Meninas, e não com olhos críticos,pois só assim entenderão o verdadeiro propósito do longa: mostrar que o amor não escolhe, ele apenas acontece.