

Batman – O Cavaleiro das Trevas é o filme mais intenso dentre todos os filmes de heróis. Pra falar a verdade, como muitos disseram, sua intensidade é tamanha que ele se afasta da definição “filme de HQ” para se tornar quase um thriller policial, com o peso de um Fogo Contra Fogo ou Seven. A seqüência de Batman Begins é também uma obra relevante enquanto estudo da natureza do homem, enquanto teste aos limites. Christopher Nolan mergulhou seu longa-metragem nas sombras e o resultado foi uma jornada psicológica rumo ao abismo, guiado dentro das telas pelo vilão Coringa (na atuação simplesmente magnética de Heath Ledger) e fora delas por Nolan.
O Cavaleiro das Trevas se sustenta sobre três personagens, que funcionam como pilares. O primeiro, o promotor Harvey Dent, o paladino, o destemido, na sua missão de caçar a Máfia e acabar com a corrupção na Polícia de Gothan, e que, aliás, é o personagem mais complexo da trama, por causa de sua decisão e suas ponderações sobre a moral que acontecem no terceiro ato. Aaron Eckhart constrói seu personagem de forma simples, e por isso brilhante. Ao não apostar em movimentos caricaturais ou expressões exageradas, o ator faz de Dent um sujeito contido, e que guarda em seus olhares e palavras, uma versão quase utópica da justiça que ele defende.
O segundo pilar funciona como Tyler Durden em Clube da Luta. O Coringa de Ledger existe mais do que apenas para ser vilão. Ele existe como um catalisador, alguém que faça os personagens chegarem aos seus limites (ou que traga o limite a eles). Sua visão anárquica do mundo revela muito mais do que o simples palhaço de Jack Nicholson. Queimar uma montanha de dinheiro é o gesto que simboliza o personagem: não é o material que o move, mas a curiosidade e a vontade de conhecer a verdadeira natureza das pessoas, e ele se diverte com isso (em certo momento, o Coringa fala para um policial: “Sabia que as pessoas revelam sua verdadeira personalidade quando estão perto da morte? Por isso, eu conheço melhor os seus amigos do que você”).
E por fim temos Batman, o guerreiro negro, que foge dos padrões de super-heróis clássicos. Sua moral duvidosa e seu conceito de “os fins justificam os meios” evidenciam o que Tim Burton e Joel Schumacher não se preocuparam em mostrar: o fato de que Batman não é como os outros defensores da justiça. Atormentado, tenta de todas as formas proteger Dent e Rachel (Maggie Gyllenhaal) resistir ao embate emocional promovido pelo Coringa. E a sensibilidade demonstrada nos minutos finais de O Cavaleiro das Trevas para mostrar a dor de Bruce Wayne é louvável.
Em duas horas e meia, Christopher Nolan fez mais do que apenas conceber a melhor das adaptações de quadrinhos. Promoveu um estudo do comportamento humano e construiu uma obra-prima ao destruir psicologicamente justamente o seu herói.
2 comments:
Christopher Nolan é um gênio e o filme é realemnte espetacular...só que eu também destacaria o gordn de gary oldman, um personagem mais justo até do que o prorpio Batman
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- David
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