Sunday, April 17, 2011

Rio

Rio, Carlos Saldanha, 2011 

Ver o nome de Carlos Saldanha ligado a animações de sucesso mundial, como Robôs e a franquia A Era do Gelo (da qual não sou fã, confesso) é sensacional: como cinéfilo verde e amarelo, é muito bom saber que um artista brazuca vem recebendo elogios e ganhando respeito (e fama) internacional. E como sua nacionalidade sempre foi citada e relacionada ao se falar no cineasta em artigos, entrevistas ou comerciais de TV, era uma questão de tempo até que o Brasil fosse cenário para uma de suas obras. Mas Rio não é lá grandes coisas.

O que é mais estranho, curioso, e chato é o fato de parecer que Saldanha não conhece absolutamente nada do seu próprio país: em alguns momentos, nós podemos ver flamingos na selva carioca; em outro, uma seqüência na Sapucaí, Saldanha e o roteirista Don Rhymer demonstram despreparo e falta de pesquisa ao retratar os desfiles das Escolas de Samba como se fossem foliões fazendo carros alegóricos em casa e simplesmente dirigindo-os pela avenida. O filme é enjoado, não engrena nunca, e os clichês errôneos incomodam.

Não que o longa não tenha qualidades, muito pelo contrário: é bem filmado, possui uma direção de arte inteligente, colorida, inspirada em um Rio de Janeiro de tempos atrás, de “morros com seus barracos de zinco” e biquínis um pouco maiores que o normal, e ao mesmo tempo bela com imagens espertas (a sequência do vôo de asa-delta não foi uma das principais armas dos estúdios Blue Sky à toa). A trilha sonora de John Powell (com a ajuda crucial de Sergio Mendes) também é muito boa, ao lembra os musicais de Carmen Miranda e da era de ouro do Cinema brasileiro, e casar bem com os personagens, que são adoráveis.

Evidentemente, personagens e imagens interessantes não são o bastante para ofuscar a trama boba, e o roteiro que, além de ser atrapalhado por mais um amontoado de clichês na construção dos personagens, além dos já citados acima, é extremamente preguiçoso ao transformar Rio em um filme que já vimos muitas vezescom suas soluções simplistas e pobres (o casal que fica brigando até descobrir o amor, o personagem que decide ser mal após perder fama e poder que possuía no passado, a dupla de bandidos burros). Outras roupagens, em outros lugares, mas ainda sim repetitivo.

É no mínimo decepcionante ver um cineasta brasileiro solidificar e atestar os lugares-comuns a que somos normalmente associados lá fora. E ver tudo isso em um filme irregular só torna tudo ainda mais desanimador.

1 comment:

joaolcm said...

Rio é bobo, bonito e tal, mas com história fraca e sem graça...esceve sobre Pânico 4