Dentre todos os heróis da Marvel, o que mais gerava desconfiança em relação ao papel que poderia ter no cinema era Thor. Não pelo apelo, de maneira alguma, mas pelo tratamento que poderia receber: não era um personagem dependente de artifícios, não sofrera nenhum acidente para receber os poderes, e mais importante, não era humano. Como a mitologia nórdica e as cenas em Asgard seriam encaradas também era um ponto de preocupação por parte dos fãs, que sonhavam com o dia em que o Deus do Trovão apareceria na telona. Bem, a hora chegou.
Nas mãos de Kenneth Branagh, Thor ganhou peso e um tratamento respeitoso em relação às origens do personagem: O diretor britânico, de Hamlet e Henrique V, mostra que leva muito jeito com tramas Shakespearianas de intrigas familiares, traições e disputas pelo trono, e para que tudo funcione bem escala um ótimo elenco: Anthony Hopkins, Rene Russo e Tom Hiddleston dão peso a seus personagens, e Chris Hemsworth faz de Thor um gigante poderoso de bom coração como manda o manual. As cenas passadas em Asgard são ótimas, graças em grande parte também à direção de arte, que dá ao mitológico reino a aura kitsch esperada e a grandiosidade merecida, com seu palácio dourado e seus portões imensos. O problema começa, e não é pequeno, quando a trama chega à terra.
Thor é mandado à Terra para aprender a ser humilde e se redimir de seus erros. Até aí tudo bem. Mas eu não consigo conceber a ideia de ver o Deus do Trovão se apaixonar por uma cientista após ser atropelado duas vezes, e passar uma noite conversando na porta de uma trailer, como as mais bobas comédias românticas. Nem mesmo se essa cientista for Natalie Portman. A Marvel Estudios não precisava ter comprometido a trama com diálogos bobos e tentativas de alívio cômico de Kat Dennings (que jamais funcionam, vale dizer) para conseguir a atenção do público feminino. E mesmo que as pequenas sacadas e insinuações sobre a expansão do universo Marvel e o Projeto Vingadores sejam interessantes (a rápida participação de Jeremy Renner e a cena pós-créditos são ótimas), a forma que o roteiro encontra para anuciar o comprometimento de Thor com o grupo de super-heróis beira o patético.
Mas aí Branagh conduz a a pancadaria e todos os problemas são esquecidos. Thor possui ótimas cenas de ação, com o destaque para a seqüência contra os gigantes de gelo e a aparição do Destruidor na Terra. Uma produção que fica no meio termo entre acertos e erros, e de maneira alguma desrespeita o legado do personagem, Thor apresenta o herói aos cinemas com dignidade e a Marvel dá mais um passo rumo à tão desejada expansão de suas fronteiras. É perfeito? Claro que não, mas de que é um filme bom não se deve discordar.
Thor, Kenneth Branagh, 2011 

4 comments:
me lembrou Batman e Robin..antony hopinks já esta no piloto automático há um bom tempo...mas o ator que faz o Thor é bom
Bem lembrado...
Apesar dos pequenos erros e da cena pós-créditos não corresponder as expectátivas, Thor ainda é um ótimo filme.
Lembrou "Batman & Robin"?
Ah... esqueci de elogiar a excelente escolha da foto para o post. Uma das minhas cenas favoritas. Muito Bom!
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