Sunday, July 31, 2011

Assalto ao Banco Central

A história era por si só cinematográfica: o roubo de quase 165 milhões de reais dos cofres do Banco Central de Fortaleza em 2005 ficou famoso como o segundo maior da História. Era questão de tempo até o acontecimento chegar aos cinemas do País, com elenco estelar, produção requintada, e marketing grande. O que também se apresentava como real era o risco de o filme naufragar se chegasse às mãos erradas.

Uma das coisas que passaram pela minha cabeça enquanto eu assistia a essa fracassada incursão de Marcos Paulo pelo Cinema é: diretor de televisão não sabe filmar briga.  Sempre soa muito falso, e a montagem sempre insiste em infelizes cortes no momento das pancadas, enfraquecendo o resultado que a cena deveria ter no espectador. O diretor, famoso por seus muitos anos no mundo da televisão, leva para seu longa-metragem alguns maneirismos clássicos da telinha e compromete seu trabalho, com seus enquadramentos sempre próximos aos atores, parecendo não se importar com a existência de outros planos.

Não que isso seja o único problema de Assalto ao Banco Central: o roteiro é pedestre, parecendo ter sido escrito por um adolescente, com seus personagens unidimensionais (a sedutora, o engraçadinho, o ex-policial) e suas tentativas de alívio cômico sempre nas horas erradas. O elenco diversificado, com o destaque para o delegado Amorim vivido por Lima Duarte, nada pode fazer em meio a tanta bagunça de um texto que, cheio de gordura, apela para sub-tramas que nada têm a ver com o contexto principal da produção, como o homossexualismo da policial Telma, personagem de Giulia Gam. Sem falar da trilha sonora, apostando em acordes dignos dos piores seriados policiais norte-americanos e que nunca acertam em tom e volume, e da fotografia previsível que de tão inocente beira o ridículo: em alguns momentos, chega a colocar o líder dos ladrões num canto pouco iluminado só pra ele ficar com o rosto escurecido pelas sombras, e assim ressaltar "sua maldade". Mais previsível, ou pior, impossível.

Assalto ao Banco Central, Marcos Paulo, 2011 

2 comments:

joao said...

gosto do filme e não acho com tanta cara de tv assim...o roteiro de fato deixa os personagens unidimensionais, mas não acho que dava pra ir muito além disso em um filme sobre roubo com tantos personagens..o homossexualismo de giulina gan de fato so serve pra fazer piada..mas o elenco é bom, pelo menos
a maioria..hermila guedes é(ou está) mais ou menos e Eriberto leão é péssimo

Raquel Raposo said...

Escapou por pouco de ser uma bomba retumbante! hehe...