Quando
Sam Raimi anunciou que estava preparando um remake de The Evil Dead (seu primeiro longa-metragem, e um dos filmes de
horror mais amados da História) junto com Bruce Campbell, houve uma espécie de
racha entre os fãs da série. Afinal, não se duvidava de que um novo Uma Noite Alucinante seria algo bom de
ver no cinema, mas sempre havia o risco de que esse novo diretor (o responsável
pelo clássico de 1981 declarou rapidamente que não seria ele o comandante)
fosse mais um Marcus Nispel ou Patrick Lussier.
Mas
Raimi sabe o que faz. Tal qual Guillermo Del Toro e seus protegidos, recrutou Fede Alvarez, que era um estreante nas telonas. O cineasta ficou conhecido há
alguns anos graças ao fascinante curta Ataque
de Pánico!, no qual robôs gigantes invadiam Montevidéu, em cinco minutos
dramáticos e eletrizantes. Alvarez recebeu carta branca para levar seu Evil Dead para a direção que quisesse,
e o resultado é espetacular, além de surpreendentemente refrescante nesse
momento de quase estagnação do terror nos cinemas.
Logicamente,
como em qualquer filme de terror, A Morte
do Demônio depende dos seus personagens e das decisões idiotas dos mesmos para
funcionar (se um livro está dentro de um saco preto, amarrado com arame farpado,
com uma capa feita de pele humana, desenhos demoníacos e ainda sujo de sangue,
isso significa que você deve lê-lo em voz alta). Quando digo que o longa é uma
brisa refrescante no gênero, isso se dá à sua coragem de apostar em novos
personagens, novas cenas, novos destinos para seus protagonistas sempre fazendo
rimas interessantes com a série original. A serra elétrica está lá, os
desmembramentos também, mas nada é copiado, na clara intenção de se tentar algo
novo para uma geração que descobrirá as desventuras de Ash após assistir ao
filme de Alvarez, e ao mesmo tempo “molhar o bico” de seus fãs mais antigos.
Existem,
é claro, algumas semelhanças com o original de Raimi. Aqui, cinco amigos também
vão parar em uma cabana, e lá acabam encontrando o livro cuja leitura
desencadeará toda a cadeia horrenda de acontecimentos, mas as razões e os
personagens são modificados, e dessa vez não há nada da trupe em busca de
diversão. Os jovens se alojam na cabana para ajudar uma amiga a se
desintoxicar. Mia, a viciada, está lá com uma enfermeira, um amigo, seu irmão e
a cunhada para o que parece uma espécie de intervenção. Ela reclama do cheiro
forte do lugar, os outros acham que é efeito da abstinência. Quando o grupo
encontra o livro, e coisas começam a acontecer com Mia (em uma cena que fará os
apaixonados pela franquia chorarem), eles novamente acham que sua mudança de
comportamento se dá devido ao fato de a garota estar longe das drogas. Só que
nós sabemos que abstinência alguma é responsável por aquilo, e logo eles
descobrem também.
Extremamente
gráfico e com visual convincente, Alvarez prova estar certo ao decidir não
utilizar a computação gráfica (um recurso geralmente perigoso no gênero, tendo
comprometido, por exemplo, os recentes Mama
e Não Tenha Medo do Escuro). Existe
em todo o longa uma sensação de filme feito na raça, de baixo orçamento, mas
tudo é muito bem acabado. Talvez essa seja a maior homenagem desse A Morte do Demônio ao seu irmão mais
velho: mais do que personagens, cenas e sangue (o que, acredite, existe em
abundância aqui, pois poucas vezes me lembro de ver tanto sangue escorrer, jorrar
e pingar nos últimos anos), o maior legado que a seminal obra-prima de Sam
Raimi pode deixar é o seu espírito guerreiro, sua aura cult conquistada no grito.
Não
é fácil ser o responsável por um remake, principalmente de um dos pilares do
terror. Deve ser extremamente difícil decidir qual abordagem escolher: pegar o
original e fazer algo novo, levando a obra para um caminho perigoso,
inesperado, mas quem sabe gratificante (apesar de correr o risco de receber de
presente o ódio dos xiitas), ou fazer quase um quadro a quadro, preocupado em
apresentar o filme para um novo público sem invencionices? De qualquer jeito, existem
bons e maus exemplos nos dois tipos de refilmagens. O que sobra de lição é que
independente de qual caminho seguir, o mais importante é tratar o material
original (e seus amantes) com carinho, seja com a mesma história ou com a
criação de uma nova franquia.
Fede
Alvarez aprendeu direitinho, e seu emocionante A
Morte do Demônio hoje pinta os cinemas de vermelho.
Evil Dead, Fede Alvarez, 2013
ou 


2 comments:
Filme muito bom!!
Que sensação aterrorizante mais gostosa! Aahahahaah...
gostei muito. e acho os personagens menos idiotas que a média dos filmrs de terro. é claro que não se deve brincar com aquele livro, mas o cara não sabia que estava em um filme
4 estrelas
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