Simplemente Feliz

Happy-Go-Lucky, de Mike Leigh

Poppy é uma professora primária que vive feliz da vida. É, feliz da vida é a expressão correta. Não se abala com nada, pouca coisa a entristece, está sempre sorrindo pra tudo e todos. Ao perceber que sua bicicleta foi roubada, ela apenas solta um "Eu nem tive tempo de me despedir dela", antes de se virar e sair andando como se nada tivesse acontecido. É evidente que ela também tem seus momentos de solidão e tristeza, mas até eles são encarados com bom humor. Mike Leigh vai na onda do resgate do otimismo e Sally Hawkins compra a ideia com uma atuação radiante. É verdade que o elenco de apoio se comporta muito bem, com destaque para o instrutor de direção vivido por Eddie Marsan, mas é Hawkins que preenche toda a tela. Seu sorriso ilumina aquele mundo e nos faz crer de verdade que talvez consigamos viver como Poppy. E a difícil tarefa de fazer uma personagem tão otimista e inabalavelmente contente se tornar verossímil (algo como uma Amélie Poulain mais real) é o que justifica a existência de Simplesmente Feliz, e nos pemite concluir que nada ali funcionaria sem Hawkins. Uma grande interpretação de uma pessoa que todos nós gostaríamos de ser, mas que talvez ninguém consiga.