
Desde o início dos boatos sobre a produção de um filme sobre Wolverine eu fui contra. Fui contra não por não gostar da franquia X-Men, muito pelo contrário: torci o nariz por ser um fã dos três filmes dos mutantes (apesar de reconhecer fragilidades na terceira aventura), e por achar que isso tudo pareceria um mero caça-níqueis, que não se importaria nem um pouco com a filosofia que os filmes de Bryan Singer, e em menor escala o de Brett Ratner, defendem. Pois se tirarmos os mutantes do enredo e colocarmos uma outra minoria (negros, homossexuais, ou qualquer outra), em que X-Men se torna? Em um grande manifesto humanitário, um grande grito contra o preconceito.
E meus medos se concretizaram, pois foi exatamente isso que o longa de Gavin Hood não fez: para contar a história do mutante mais cultuado dos quadrinhos, o roteiro de David Benioff joga fora toda a questão humana e investe com afinco numa política de "tudo se resolve na porrada", que é o que acontece durante toda a projeção, seqüências e mais seqüências de brigas e demonstrações incríveis de poderes e exposões, como uma espécie de Dragonball. Pois todos querem brigar em X-Men Origens, Wolverine, Dentes-de-Sabre, Gambit. Aliás, ao que parece Gambit era para os filmes dos X-Men o que Venom era para Homem-Aranha, e ganhou um desprezo parecido por aqui também.
Mas não para por aí: recheado de clichês, X-Men Origens tem todos os ingredientes dessas coisas de "como tudo começou": o começo do filme na infância do protagonista, passando num flash pelos momentos marcantes de sua vida em câmera lenta (que é usada tantas vezes aqui que parece até defeito no projetor) até chegar ao ponto de partida da história. Aí vem aquele negócio da perda de uma pessoa querida, da caça ao vilão, do "eu fui usado" e por aí afora.
O mais incrível é que, apesar de tudo, X-Men Origens: Wolverine ainda consegue ser melhor do que eu pensei que seria. Foge de ser uma bomba retumbante para ser apenas um filme bem fraco. O seu grande problema é o abandono sem pudores do elemento que fazia os três outros exemplares da série tão sedutores e me encantava tanto, que era a preocupação com o ser humano e a tolerância para ser só mais um filminho de luta, que vende melhor e abre portas para seqüências. Lembrando de cenas como a briga no bar e a fuga da casa dos velhinhos, eu penso que até poderia ter dado duas estrelas. E poderia mesmo, mas eu odeio falta de escrúpulos.
1 comment:
bem ruim mesmo..to escrevendo minha analise
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