Thursday, April 01, 2010

A Caixa


The Box, Richard Kelly, 2009

A Caixa é, desde o início de projeção, uma experiência interessante. Seja na direção de arte, eficiente em recriar os anos setenta, seja na direção de Richard Kelly, tensa e inteligente o bastante para criar planos belos e tensos (em alguns momentos, uma aula de direção que Shyamalan deveria ter tomado antes de cometer Fim dos Tempos). Mas, como todos andam dizendo por aí, o que mais chama atenção em A Caixa é mesmo a trama, escrita pelo diretor, baseada em um conto de Richard Matheson (Button Button, já utilizado em um episódio da hoje clássica série Além da Imaginação), em que um casal em crise financeira recebe a visita de um misterioso homem que lhes entrega uma caixa com apenas um botão (Frank Langella deveria viver para sempre) e faz uma estranha proposta: se eles apertassem o botão, receberiam um milhão de dólares, mas em conseqüência, uma pessoa em algum lugar do mundo morreria.

Até aí tudo bem, a produção vai se desenrolando como um belo suspense, até que começam a aparecer alguns toques de surrealismo, algumas imagens bizarras, e vários golpes de roteiro, que em muito se pareciam com David Lynch, sem o mesmo talento, é claro, em uma estranha mistura de Cidade dos Sonhos com Donnie Darko. Kelly apresenta muito mistérios, alguns personagens secretos, muitas perguntas, sem se preocupar se terá tempo de respondê-las, o que acaba criando alguns buracos na trama, que devem ser preenchidos pelo espectador.

Essa atitude de não desenvolver muito os detalhes antes de entregá-los à platéia é uma decisão arriscada, mas acertada do diretor, que consegue tensão, atenção e respiração presas durante todo o tempo. Infelizmente esse intrigante suspense não foi bem recebido por crítica e público, o que dificulta uma vida mais longa do filme nos cinemas. Não os culpo, e em parte até acho que eles têm certa razão em rejeitar um filme que deixa tantas pontas soltas (as lacunas da trama de Kelly às vezes parecem gigantescos furos de roteiro, o que não acontece nos esquisitos mas excelentes trabalhos de Lynch), e que, contrariando tantas decisões inteligentes na estética e no roteiro, acaba dando um tiro no pé apostando num casal formado por Cameron Diaz e James Marsden.

2 comments:

joaolcm said...

pra mim a trama não fecha direito as pontas que abriu

Alininha said...

Acho q não há mal nenhum em deixar nossa imaginação participar da trama. Apesar de preferir q os filmes tenham final, não ligo de ficar tentando imaginar "os porquês" de cada coisa.
Concordo com o Texto e eu Particularmente adorei o filme, ele me fez refletir sobre certas coisas. Já quanto ao casal tbém acho q o "cyclope" e "Mary" não seriam os mais indicados pro filme q foi.