Wednesday, February 23, 2011

O Discurso do Rei

The King's Speech, Tom Hooper, 2010 

O Discurso do Rei é o filme mais fácil de se gostar entre os indicados à categoria de Melhor Filme no Oscar desse ano, e nesse caso isso não é exatamente um elogio. O longa de Tom Hooper é o mais fácil por contar todos os elementos possíveis para tentar (ou forçar) a simpatia do público: uma pessoa passando por dificuldades físicas, um belo retrato de família, uma lição de amizade, uma produção de época pomposa. A má notícia é que esses elementos geram um longa arrumadinho demais, quase engessado, extremamente calculado e preocupado com premiações. A boa notícia é que apesar de tudo, o filme funciona.

A esta altura, todos já devem conhecer a trama, sobre o duque de York e futuro (pasmem) rei George VI, que conta com a ajuda de um especialista de fala para contornar sua gagueira. Uma história bonita, edificante, e que ao mostrar as fraquezas do monarca, e sua relação com a esposa e filhas, busca aproximá-lo ainda mais do público, ansioso por se ver refletido em personagens no cinema. Até aí tudo bem. Só que todo filme necessita do roteiro e direção, e aí O Discurso do Rei tem suas bases estremecidas por um texto esquemático demais (que se sente no direito de espremer uma batida minicrise na amizade dos personagens), o que dá um ar episódico ao filme, e uma direção fria de Hooper, que estreia no cinema após elogiadas produções para a TV britânica, que conspira contra o plot e distancia o espectador de seus personagens, ao invés de conectá-los ainda mais.

Mas nem todos os defeitos do mundo conseguiriam apagar o que O Discurso do Rei é de fato: um filme de atores. As atuações são muito interessantes, da esposa interpretada por Helena Bonham-Carter (é aliviante ver a atriz fugindo dos maneirismos das suas personagens malucas) ao especialista de Geofrey Rush, passando por Guy Pearce e seu rei Edward VIII, todos são ótimos e dão um apoio muito bom para que Colin Firth possa brilhar: Encarnando com vigor a função de carregar o filme, a composição de Firth para o duque/rei é excelente, conferindo realismo e agonia ao seu nervosismo e seus problemas de fala.

A técnica irrepreensível (fotografia, direção de arte, figurinos, trilha) e a edição enxuta, que gera um filme sem barriga e com um ritmo bem interessante, são complementos, em momento algum chamando mais atenção ou roubando o destaque do elenco. Infelizmente, o anseio por indicações e prêmios suplanta as chances de O Discurso do Rei ser um filmaço, tornando o prazer de assisti-lo em algo dúbio (um filme redondinho, mas engessado; lindo visualmente, mas frio) e resultando numa experiência vazia de sentimentos, mas de encher os olhos, graças às suas inegáveis qualidades.

3 comments:

joao said...

ainda que seja um filme de oscar acho melhor que metade das produções indicadas..de fato é fácil gostar e dificil amar, no geral um ótimo filme, mas longe de merecer tantos prêmios

Pedacinho said...

Bem, não acho errado alguém trabalhar em cima do q a Academia busca e fazer um filme pra premiação. Afinal não é o q todos buscam nesse meio: "O OSCAR"
Eles só tem q se preocupar em não perderem o sentimento necessário para se contruir uma grande obra. Sabendo encontrar o equilíbrio, se faz um bom filme, acho q o Discurso do rei apesar de ainda não tê-lo visto conseguiu encontrar esse equilíbrio. E estou curiosa pra ver.

Pedacinho said...

é Campeão!!!!