Headhunters
é sobre o poder, sobre ter dinheiro, ambição. Durante toda sua duração o filme
transpira uma vontade de gritar, um desejo quase incontrolável de comentar a situação
da Europa atual, representada aqui por um homem apenas. Seu nome é Roger Brown.
Baixo, sem muito apreço por si próprio, afundado em dívidas, ele é um dos
chamados caça-talentos do mundo corporativo, encarregados de entrevistar
candidatos em potencial para cargos de liderança em grandes empresas, e faz um
bom dinheiro com essa ocupação. O problema é a necessidade de bancar a vida
luxuosíssima que Roger dá para sua esposa, alta, linda, e aparentemente
apaixonada por ele, o que o faz decidir por roubar obras de arte que os
candidatos que ele entrevista no dia-a-dia possuem em suas casas. Até que em
certo momento, é claro, os planos começam a não sair como deveriam e a vida de
Roger vira de cabeça para baixo.
Tenso
e eletrizante, a direção do norueguês Morten Tyldum é extremamente competente
ao dar liga a um texto cheio de reviravoltas, algumas difíceis de engolir, e ao
criar, com ajuda da trilha sonora e da fotografia (a cena da cabana e a
seqüência que seguinte são dois exemplos especiais do bom uso de sombras no
cinema), um clima de desconfiança e medo crescente no espectador, que assiste
na ponta da cadeira a vida de Roger sair dos trilhos de forma lenta até a
completa desorientação. Mas além disso tudo, o que transforma o longa no maior
fenômeno recente do cinema norueguês é o comentário sobre o luxo, é o dedo na
ferida.
Aos
poucos, vemos o protagonista se perder de si mesmo, se metamorfosear de forma
impressionante. Antes bonito, bem vestido, e cheiroso, apesar das dívidas, o
protagonista era o retrato da frieza e da serenidade. Pouco a pouco o desespero
se apodera do antes inabalável Roger e o vemos fugir de tudo, da mulher, de casa,
dos bens, da beleza, do bom cheiro, do luxo. O vemos sujo de lama e fezes,
suado, fedendo, desesperado. A Europa, enfim. O moralismo é claro, mas em momento nenhum deixa
de ser extremamente eficiente nessa poderosa crônica sobre o capitalismo.
Apesar
da pressa em amarrar as pontas, o que pode soar artificial e pouco crível,
Headhunters se revela como uma das grandes, talvez a maior surpresa europeia a estrear aqui em 2012.
Hodejegerne, Morten Tyldum, 2011 

2 comments:
depois dos elogios talvez eu veja rs
Filmaço. Veja sim, e me fale. ;)
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