Christopher Nolan sabia que estava rodando um dos filmes mais aguardados da temporada. O cineasta acreditava também na importância e pompa da trama e do longa que estava desenvolvendo, o que talvez explique o tom operístico e catastrófico nas notas altíssimas da trilha de Hans Zimmer, ainda mais barulhenta que em A Origem, resultado anterior da parceria.
De fato, quase todas as apostas de Nolan se mostram acertadas: O Cavaleiro das Trevas Ressurge é muito bem sucedido em praticamente tudo. Da já citada trilha sonora, passando pela fotografia fria e entristecida de Wally Pfister e pela preferência do diretor por efeitos especiais mecânicos ao invés do (muitas vezes artificial) CGI, tudo conspira para o sucesso artístico da empreitada.
Os poucos problemas notáveis vêm do roteiro, o que é surpreendente, já que era uma das grandes forças de O Cavaleiro das Trevas. Talvez devido ao fato de o texto ter que dar conta de muitos personagens (um problema notado em outros terceiros filmes de super-heróis, como X-Men 3 e Homem-Aranha 3), alguns personagens demoram demais a mostrarem algum valor à trama. Devido a isso, uma revelação importantíssima feita no terceiro ato perde muito do impacto que certamente teria se tivesse acontecido antes, mas o roteiro estava ocupado desenvolvendo questões menos importantes. O que compensa tudo isso é a entrega do elenco, destaque para Michael Caine (que protagoniza aqui os momentos mais emocionantes de toda a trilogia) e Tom Hardy, que transforma Bane em uma gigantesca massa de ameaça e inteligência graças à sua cuidadosa composição.
Contando com um desfecho extremamente elegante e narrativamente eficiente, O Cavaleiro das Trevas Ressurge encerra a visão de Nolan sobre o Homem-Morcego de forma brilhante. E se por um lado não consegue o ar de clássico instantâneo de seu longa antecessor, por outro mostra que o cineasta entende muito bem o que significam seus filmes para o entretenimento, enchendo o fã do herói de orgulho com três ou quatro cenas memoráveis (a melhor de todas já quase no acender das luzes), enviando o espectador para fora da sala com a reconfortante sensação de que o entretenimento escapista e a inteligência podem e devem andar lado a lado em Hollywood.
The Dark Knight Rises, Christopher Nolan, 2012 

4 comments:
dou 4 estrelas.
acho que tem problemas de ritmos e muitas cenas parecem se repetir
mas tem momentos brilhantes e não são poucos. todos os envolvendo alfred, toda a reta final. a cena do avião no inicio do longa.
Lindo demais!!
Que filme maravilhoso!!
*-*
Apesar de ter gostado muito, algumas incoerências me deixaram frustrado, como a motivação da Thalia Al Gul e como o Bane se tornou um zé ninguém (na minha opinião fecal...) no fim do filme.
Fora isso, foi excelente!
Então, eu escrevi esse texto no calor do momento. Hoje enxergo problemas sérios de execução, problemas que os outros filmes da trilogia não apresentavam, e se eu escrevesse hoje, o texto seria bem diferente. Talvez após uma revisão minha opinião mude bastante.
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