Eu
não gostei de Tron – O Legado.
Apesar das boas intenções do cineasta Joseph Kosinski, seu longa-metragem de
estreia era um amontoado de ideias que não se encaixavam e uma concepção visual
que, abusando das linhas e formas geométricas na construção de trajes,
apetrechos e cenários, acabou funcionando mais nos cartazes de divulgação do
que no filme em si. No meio de tanta afobação por uma assinatura de auteur por
parte de seu jovem realizador, o que sobrava de positivo era o carisma de Jeff
Bridges.
Para
sua nova empreitada, o diretor mergulha novamente em um universo futurista, mas
dessa vez sob um novo direcionamento. Sai a sequencia de um clássico da Sessão
da Tarde, e entra uma ficção científica com raízes fincadas nas convenções, e
que tem nos clichês do gênero sua maior força. Oblivion se baseia em uma graphic
novel do próprio Joseph Kosinski (um artista multimídia, portanto) para
contar a história de Jack Harper, que ao lado de sua parceira (e amante)
Victoria, é responsável por supervisionar e reparar os drones, máquinas que
tomam conta da Terra após uma guerra que devastou o planeta e fez os seus
sobreviventes se refugiarem em uma lua de Saturno.
É
claro que aos poucos (e principalmente após a chegada de Julia, uma misteriosa
mulher que assombrava os sonhos de Jack mesmo antes de sua aparição) o
protagonista vai acabar descobrindo que as coisas não são o que aparentam, e
que existem muitas outras para serem descobertas. Como já foi dito antes, o
enredo do longa é propositadamente previsível, passeando com calma por alguns
dos temas mais caros à ficção científica, e funciona bem durante a primeira
metade. O que acaba afastando Oblivion
da maravilha que são alguns recentes sci-fi
revisionistas, como Looper, Lunar e Wall-E, é a teimosia de seu autor em criar uma marca, uma
característica que apareça e que revele artifícios recorrentes em seus filmes.
Um
claro exemplo de traço que dá as caras nos dois filmes de Kosinski é a direção
de arte limpa, cândida, que aposta em residências espaçosas, com pouquíssimos
detalhes fugindo do branco ou prata. Os quadrados e círculos que faziam parte
da elaboração de todos os cenários e objetos de cena em Tron 2 também aparecem por aqui. Mas grave mesmo é a escolha do
cineasta para o tom de sua narrativa, geralmente equivocada, criando atmosfera
quando precisa de movimento, e se explicando demais (e aqui, a narração em off,
principalmente a que encerra o terceiro ato, conspira contra o sucesso da
obra).
Oblivion
é uma obra de altos e baixos. Possui qualidades inegáveis quando se aventura
pelas temáticas clássicas do gênero a que pertence e quando dá espaço para Tom
Cruise mostrar suas deliciosas muletas de interpretação, mas acaba se perdendo
na pressa de seu criador, que está naquela fase de tentar desesperadamente
criar algo pelo qual seja lembrado.
Oblivion, Joseph Kosinski, 2013 

2 comments:
Achei legal. Só isso...
Ainda não vi Lunar, mas Looper é muito bom e o que falar de Wall-e, né?! Muito lindo! M-O!
AHahhaahh...
Não vei e nem pretendo ver. e não gosto de Looper rs
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