Monday, November 04, 2013

Thor: O Mundo Sombrio

Lançada em 2011, a primeira aventura de Thor nos cinemas era um filme com problemas evidentes. Não era exatamente ruim, mas demorava a encontrar o ritmo. O diretor Kenneth Branagh foi uma escolha arriscada da Marvel, e que gerou um resultado que transbordava inconstância: enquanto a trama se concentrava em Asgard, com seu tom de intriga familiar e traição pelo trono Real, Thor se beneficiava da experiência de seu diretor, acostumado a dirigir adaptações de Shakespeare para o cinema, no assunto. Na hora em que a narrativa chegava à Terra, juntando os dois mundos e criando a aventura esperada pelos fãs, Branagh provava sua total falta de intimidade com o universo dos quadrinhos.

Bem, desse problema não sofrem os responsáveis pela segunda aventura do Deus do Trovão para as telas. Tanto o diretor Alan Taylor (nome famoso na TV e responsável por dirigir alguns episódios de Game of Thrones) quanto os roteiristas Christopher Yost (autor de alguns episódios das recentes séries animadas de X-Men, Os Vingadores e Homem de Ferro), Christopher Markus e Stephen McFeely (parceiros nos textos da As Crônicas de Nárnia e de Capitão América: O Primeiro Vingador) demonstram conhecimento não só das histórias do personagem que têm nas mãos quanto do tom a ser adotado. O resultado é muito menos solene do que no filme de Branagh, não menos respeitoso, porém muito mais despojado.

Esse despojamento, que se tornou marca registrada dos filmes da Marvel Studios, é crucial para o sucesso de Thor: O Mundo Sombrio. A trama parte do princípio de que o espectador já conhece aquele universo. Com personagens já estabelecidos, o roteiro se preocupa apenas em apresentar as poucas caras novas ao público com dramaticidade, mas também leveza, na base do já citado despojamento. Entre as novidades, a mais importante é o vilão Malekith (Christopher Eccleston), chefe dos elfos negros, que acorda de um longo sono a fim de se vingar de Asgard. Para combatê-lo, Thor (Chris Hemsworth) precisará de seus companheiros para elaborar um plano que envolve até se aliar com seu irmão Loki (Tom Hiddleston, roubando a cena mais uma vez), que se encontra preso pelas atrocidades cometidas em Os Vingadores.

A grande sacada do texto, além de lapidar o humor e aproveitar melhor o timing de Kat Dennings, é envolver Jane, personagem de Natalie Portman, de forma mais essencial à trama. Para isso, Yost, Markus e Mcfeely esbarram no implausível ao elaborarem uma coincidência incrível, típico caso da pessoa que está no lugar errado na hora errada, que enlaça a donzela a Malekith. Tal fato é difícil de engolir até em uma adaptação de HQs, mas, pasmem, funciona.

Por falar em adaptação das HQs, o visual dessa continuação também convence. Ao contrário do filme anterior, no qual Asgard era bem construída, mas as cenas de confronto na Terra se resumiam a um quebra-quebra em uma cidadezinha do Novo México que parecia saída de O Estranho Sem Nome, O Mundo Sombrio conta com uma produção mais esmerada, que confere peso à ameaça do vilão e verossimilhança às cenas de destruição e batalha. Como na cena da invasão de Malekith a Asgard ou no combate final que, super inventivo, aproxima o herói das clássicas páginas escritas por Stan Lee.

É exatamente aí que a direção de Alan Taylor merece elogios por sua inteligência. Sem apostar no respeito exagerado pela ambientação e pela suntuosidade da realeza, sem o ar shakesperiano de Branagh, o cineasta dá exatamente o Thor que seu público quer, e consegue o antes inimaginável: colocar o Deus do Trovão nos trilhos, e fazer de O Mundo Sombrio não só um dos exemplares mais divertidos do Universo Marvel, mas enfim um verdadeiro filme de super-herói.

Thor: The Dark World, Alan Taylor, 2013 ½

2 comments:

joao said...

nao me animou, mas quems abe. dizer que é um dos melhores do estudio marvel pra mim também não quer dizer nada rs

Raquel Raposo said...

Adorei o filme! Muito melhor que o primeiro.
Ah, ficou muito bom a ideia de colocar a montagem das fotos encabeçando os posts.