Lançada
em 2011, a primeira aventura de Thor nos cinemas era um filme com problemas
evidentes. Não era exatamente ruim, mas demorava a encontrar o ritmo. O diretor
Kenneth Branagh foi uma escolha arriscada da Marvel, e que gerou um resultado
que transbordava inconstância: enquanto a trama se concentrava em Asgard, com
seu tom de intriga familiar e traição pelo trono Real, Thor se beneficiava da experiência de seu diretor, acostumado a
dirigir adaptações de Shakespeare para o cinema, no assunto. Na hora em que a
narrativa chegava à Terra, juntando os dois mundos e criando a aventura
esperada pelos fãs, Branagh provava sua total falta de intimidade com o
universo dos quadrinhos.
Bem,
desse problema não sofrem os responsáveis pela segunda aventura do Deus do
Trovão para as telas. Tanto o diretor Alan Taylor (nome famoso na TV e responsável
por dirigir alguns episódios de Game of
Thrones) quanto os roteiristas Christopher Yost (autor de alguns episódios das
recentes séries animadas de X-Men, Os Vingadores e Homem de Ferro), Christopher
Markus e Stephen McFeely (parceiros nos textos da As Crônicas de Nárnia e de Capitão
América: O Primeiro Vingador) demonstram conhecimento não só das histórias
do personagem que têm nas mãos quanto do tom a ser adotado. O resultado é muito
menos solene do que no filme de Branagh, não menos respeitoso, porém muito mais
despojado.
Esse
despojamento, que se tornou marca registrada dos filmes da Marvel Studios, é
crucial para o sucesso de Thor: O Mundo
Sombrio. A trama parte do princípio de que o espectador já conhece aquele
universo. Com personagens já estabelecidos, o roteiro se preocupa apenas em
apresentar as poucas caras novas ao público com dramaticidade, mas também
leveza, na base do já citado despojamento. Entre as novidades, a mais
importante é o vilão Malekith (Christopher Eccleston), chefe dos elfos negros,
que acorda de um longo sono a fim de se vingar de Asgard. Para combatê-lo, Thor
(Chris Hemsworth) precisará de seus companheiros para elaborar um plano que
envolve até se aliar com seu irmão Loki (Tom Hiddleston, roubando a cena mais
uma vez), que se encontra preso pelas atrocidades cometidas em Os Vingadores.
A
grande sacada do texto, além de lapidar o humor e aproveitar melhor o timing de Kat Dennings, é envolver Jane, personagem de
Natalie Portman, de forma mais essencial à trama. Para isso, Yost, Markus e
Mcfeely esbarram no implausível ao elaborarem uma coincidência incrível, típico
caso da pessoa que está no lugar errado na hora errada, que enlaça a donzela a
Malekith. Tal fato é difícil de engolir até em uma adaptação de HQs, mas,
pasmem, funciona.
Por
falar em adaptação das HQs, o visual dessa continuação também convence. Ao
contrário do filme anterior, no qual Asgard era bem construída, mas as cenas de
confronto na Terra se resumiam a um quebra-quebra em uma cidadezinha do Novo
México que parecia saída de O Estranho
Sem Nome, O Mundo Sombrio conta
com uma produção mais esmerada, que confere peso à ameaça do vilão e verossimilhança
às cenas de destruição e batalha. Como na cena da invasão de Malekith a Asgard
ou no combate final que, super inventivo, aproxima o herói das clássicas páginas
escritas por Stan Lee.
É
exatamente aí que a direção de Alan Taylor merece elogios por sua inteligência.
Sem apostar no respeito exagerado pela ambientação e pela suntuosidade da realeza,
sem o ar shakesperiano de Branagh, o cineasta dá exatamente o Thor que seu público
quer, e consegue o antes inimaginável: colocar o Deus do Trovão nos trilhos, e fazer
de O Mundo Sombrio não só um dos
exemplares mais divertidos do Universo Marvel, mas enfim um verdadeiro filme de
super-herói.

2 comments:
nao me animou, mas quems abe. dizer que é um dos melhores do estudio marvel pra mim também não quer dizer nada rs
Adorei o filme! Muito melhor que o primeiro.
Ah, ficou muito bom a ideia de colocar a montagem das fotos encabeçando os posts.
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