Ao assistirmos a Invasão à Casa Branca, a primeira coisa que vem à cabeça é que o
filme do diretor Antoine Fuqua chegou às telas com pelo menos uma década de
atraso. Não que o filme teria sido melhor avaliado no passado, mas suas
questões políticas, seu ponto de vista e o modo como desenha sua trama para o
espectador seriam muito melhor digeridas como uma resposta conservadora aos
documentários anti-Bush de Michael Moore. Agora, porém, o longa parece
deslocado no tempo.
Escrita por Creighton Rothenberger e Katrin
Benedikt, a trama acompanha Mike Banning (Gerard Butler), funcionário do
serviço secreto norte-americano e amigo do presidente Benjamin Asher (Aaron
Eckhart) e de sua família. Após um acidente que vitima a primeira-dama
Margareth (uma rápida participação de Ashley Judd), Banning é transferido para
um burocrático trabalho de escritório, o qual ele odeia. Dezoito meses depois,
Mike acaba sendo a última esperança dos Estados Unidos quando a Casa Branca é
invadida por um grupo terrorista norte-coreano, que faz o presidente e seus
assistentes (Melissa Leo entre eles) de reféns. Essa acaba sendo também a sua
chance de redenção.
A partir daí, com a infiltração de Banning,
enfrentando sozinho toda a ocupação terrorista no palácio presidencial dos
Estados Unidos, Invasão à Casa Branca acaba se desenrolando como uma espécie de
Duro de Matar militarizado. A comparação
não surge à toa, tendo sido pensada e buscada pelo texto, que inclui uma cena
em que Butler (sem o menor carisma que Bruce Willis sempre possuiu, vale
apontar) ameaça o vilão pelo rádio, ao mesmo tempo em que faz piadas sobre como
ele vai vencê-lo no fim das contas.
No entanto, a homenagem à obra-prima máxima
do cinema de ação soa desajeitada, pois os roteiristas e Antoine Fuqua não
parecem entende-la, já que na criação de Mike acabam cruzando John McClane com os
filmes que têm como herói o “exército de um homem só”, como Rambo II e Comando Delta. Não tinha mesmo como dar certo.
Tal amálgama, apesar de decepcionante, funciona
no campo das cenas de combate que, muito bem coreografadas, transformam o
protagonista (com a ajuda da cara de gigante de bom coração de Butler) no herói
desejado pelo público que vai aprovar o desenrolar de uma história que aposta
no maniqueísmo e parece fechar os olhos para o fato de que a urgência das ameaças estrangeiras (sejam elas russas como até os anos 80, árabes nas duas décadas passadas ou os
norte-coreanos de agora) é também e principalmente culpa da própria política de
afirmação da supremacia ideológica dos EUA, que suplanta orientações políticas
que lhes são pouco confortáveis, e que não é uma nação controlada por líderes
que possam ser chamados de bons-moços, afinal.
E se até o cinemão-pipoca hollywoodiano já
estava começando a pensar no assunto, Invasão
à Casa Branca, além de ser extremamente irregular, representa um grande retrocesso.
Olympus Has Fallen, Antoine Fuqua, 2013 ½
2 comments:
sua primeira frase: "ao assistirmos": eu nao vou assistir hahaha.
sua primeira frase: "ao assistirmos": eu nao vou assistir hahaha.
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