Saturday, March 29, 2014

Invasão à Casa Branca

Ao assistirmos a Invasão à Casa Branca, a primeira coisa que vem à cabeça é que o filme do diretor Antoine Fuqua chegou às telas com pelo menos uma década de atraso. Não que o filme teria sido melhor avaliado no passado, mas suas questões políticas, seu ponto de vista e o modo como desenha sua trama para o espectador seriam muito melhor digeridas como uma resposta conservadora aos documentários anti-Bush de Michael Moore. Agora, porém, o longa parece deslocado no tempo.

Escrita por Creighton Rothenberger e Katrin Benedikt, a trama acompanha Mike Banning (Gerard Butler), funcionário do serviço secreto norte-americano e amigo do presidente Benjamin Asher (Aaron Eckhart) e de sua família. Após um acidente que vitima a primeira-dama Margareth (uma rápida participação de Ashley Judd), Banning é transferido para um burocrático trabalho de escritório, o qual ele odeia. Dezoito meses depois, Mike acaba sendo a última esperança dos Estados Unidos quando a Casa Branca é invadida por um grupo terrorista norte-coreano, que faz o presidente e seus assistentes (Melissa Leo entre eles) de reféns. Essa acaba sendo também a sua chance de redenção.

A partir daí, com a infiltração de Banning, enfrentando sozinho toda a ocupação terrorista no palácio presidencial dos Estados Unidos, Invasão à Casa Branca acaba se desenrolando como uma espécie de Duro de Matar militarizado. A comparação não surge à toa, tendo sido pensada e buscada pelo texto, que inclui uma cena em que Butler (sem o menor carisma que Bruce Willis sempre possuiu, vale apontar) ameaça o vilão pelo rádio, ao mesmo tempo em que faz piadas sobre como ele vai vencê-lo no fim das contas.

No entanto, a homenagem à obra-prima máxima do cinema de ação soa desajeitada, pois os roteiristas e Antoine Fuqua não parecem entende-la, já que na criação de Mike acabam cruzando John McClane com os filmes que têm como herói o “exército de um homem só”, como Rambo II e Comando Delta. Não tinha mesmo como dar certo.

Tal amálgama, apesar de decepcionante, funciona no campo das cenas de combate que, muito bem coreografadas, transformam o protagonista (com a ajuda da cara de gigante de bom coração de Butler) no herói desejado pelo público que vai aprovar o desenrolar de uma história que aposta no maniqueísmo e parece fechar os olhos para o fato de que a urgência das ameaças estrangeiras (sejam elas russas como até os anos 80, árabes nas duas décadas passadas ou os norte-coreanos de agora) é também e principalmente culpa da própria política de afirmação da supremacia ideológica dos EUA, que suplanta orientações políticas que lhes são pouco confortáveis, e que não é uma nação controlada por líderes que possam ser chamados de bons-moços, afinal.

E se até o cinemão-pipoca hollywoodiano já estava começando a pensar no assunto, Invasão à Casa Branca, além de ser extremamente irregular, representa um grande retrocesso.

Olympus Has Fallen, Antoine Fuqua, 2013 ½

2 comments:

joao said...

sua primeira frase: "ao assistirmos": eu nao vou assistir hahaha.

joao said...

sua primeira frase: "ao assistirmos": eu nao vou assistir hahaha.