O Turista

The Tourist, Florian Henckel von Donnersmarck, 2010 

Incrível como certas informações podem enganar o espectador. Florian Henckel von Donnersmarck, diretor responsável pelo oscarizado A Vida dos Outros, dirigindo um filme de perseguição e espionagem escrito por ele, ao lado de Christopher McQuarrie (roteirista do grande Os Suspeitos) e Julian Fellowes (de Assassinato em Gosford Park), além de contar com um elenco formado por Johnny Depp e Angelina Jolie nos papéis principais, e Paul Bettany e Timothy Dallton como coadjuvantes. Não tinha como dar errado. Mesmo se tudo falhasse, pelo menos poderíamos nos deliciar com a química entre dois dos maiores astros do cinema mundial.

É difícil dizer o que é pior em O Turista, se é a trama batida, o roteiro cheio de reviravoltas que tentam esconder sua previsibilidade, a escolha de locações que não contribuem para as encenações, servindo apenas como uma espécie de cartão postal com movimentos, a preguiça de Jolie e Depp, que apenas aparecem em cena, confiando em seus rostos e seus nomes famosos estampando os cartazes, ao invés de atuarem, ou a tendência hollywoodiana em fazer “filmes de ação para mulheres”, inserindo um casal formado por grandes nomes do cinema atual no papel de duas pessoas que não se conheciam jogados numa espiral de acontecimentos que colocam suas vidas em perigo, e comandado por um cineasta que, no lugar de focar no desenrolar da história, prefere apostar suas fichas em closes nas estrelas da produção e forçar uma química inexistente entre elas. Ou tudo isso junto.

Quando as luzes se acendem, fica a triste sensação de que a primera investida de von Donnersmarck em terreno americano foi um tiro que saiu pela culatra (pelo menos artisticamente, já que o sucesso de público e a indicação ao Globo de Ouro provaram seu potencial mercadológico).