Friday, January 13, 2012

Cavalo de Guerra

A amizade entre um jovem e um animal. Uma família pobre. Um homem mau determinado a expulsar a família da casa onde moram de aluguel. A guerra. Desse jeito, não tem como escapar. A ideia de Spielberg era até boa, de através de uma adaptação de um livro infanto-juvenil homenagear clássicos do cinema, como Glória Feita de Sangue, Nada de Novo no Front e ...E o Vento Levou, mas o tiro saiu pela culatra quando o diretor resolveu tentar fazer a plateia chorar. Através de estereótipos estrategicamente postos em cena, o cineasta e a dupla de roteiristas Lee Hall e Richard Curtis tentam forçar a emoção o tempo todo (e para isso, contam também com a infeliz e intrusiva trilha sonora de John Williams) sem perceber que para um filme funcionar, as emoções, sejam boas ou ruins, precisam aflorar naturalmente. Apesar de visualmente interessante, a experiência de assistir a Cavalo de Guerra se torna extremamente enfadonha graças à inclusão de personagens e cenas desconexas, que em momento algum servem à narrativa, na verdade conspirando contra ela já que o ritmo episódico da trama, que vai fazendo o cavalo trocar de mãos e donos (o militar inglês, a menina, o alemão bonzinho que ama os animais, todos devidamente programados), só servem para esquematizar ainda mais a trama. Sem falar na cena final, com sua fotografia, falsa, com cara de comercial de cigarro, e o experiente diretor movendo as peças de seu tabuleiro calmamente a fim de receber as tão sonhadas lágrimas do espectador.

Não é de se espantar que Cavalo de Guerra tenha sido indicado ao Globo de Ouro, mesmo sem muita chance de ganhar. Nada como um filme medíocre em uma premiação idem.

War Horse, Steven Spielberg, 2011  

4 comments:

joao said...

quanto a indicação so tá a melhor filme(porque divide em duas categorias) e trilha sonora. muito pouco para um filme com tanta pretenção.mas talvez seja indicado ao oscar também.

quanto ao tom epioico, seŕa que já não estava no livro?
enfim, as também nao gostei do filme e não ch
orei nenhuma vez

Raquel Raposo said...

Eu também não chorei. Fiquei perdida em algumas cenas. Não achei emocionante.

Vitor said...

Bem, se o ritmo episódico estava no livro eu não sei, mas a verdade é que filme é filme e livro é livro. O filme precisa se sustentar sozinho, mesmo que para isso precise (ou deva) que corrigir detalhes que faziam parte da obra original.

Vitor said...

Quanto a ser emocionante, não mesmo. Fiquei incomodado, isso sim.