Friday, October 05, 2012

Looper - Assassinos do Futuro

No futuro, as viagens no tempo são possíveis mas, proibidas pelo governo, são utilizadas apenas pelo mercado negro, que se aproveita da tecnologia para mandar desafetos para o passado para que lá sejam mortos pelos loopers, assassinos de aluguel responsáveis por aniquilar e sumir com os corpos das vítimas enviadas pela máfia. Joe (Joseph Gordon-Levitt, atingindo a maturidade artística justamente no momento em que a indústria parece ter descoberto de vez seu valor) é um looper que passa a ser perseguido pela própria organização para a qual trabalha, quando falha em uma missão ao não assassinar sua vítima da vez (Bruce Willis), que era uma versão mais velha dele mesmo.

 Não vale contar mais para não estragar a surpresa, pois a trama, que já parece bastante intrincada, não é só isso. Ao término da sessão de Looper, eu pensei que "esse tal de Rian Johnston deve ser um fã incondicional de ficção científica". O pensamento em questão não é nem devido às qualidades de seu terceiro longa-metragem, mas porque o roteiro escrito pelo próprio cineasta abraça sem pudor quase todas as convenções que o gênero abordou nos últimos 35 anos. Tudo que o universo sci-fi já considerou pop surge em certos momentos: viagens no tempo, telecinese, crianças que se tornarão pessoas importantes daqui a uns anos, e discussões sobre o espaço-tempo dão as caras aqui, em um texto que tenta e consegue dar liga a tantas sub-tramas(na medida do possível, já que filmes que envolvem a premissa assassinos vindos do futuro ou indo para lá são, por essência, suscetíveis a pouca explicação).

Apesar da trama e do excesso de informações que remetem o tempo todo aos anos 80 e 90, os cenários não mantém o visual de os filmes da época, procurando situar Looper, ao menos em seu exterior, no século XXI. A direção de arte de Ed Verreaux e a fotografia de Steve Yedlin se mostram influenciadas por filmes como Presságio e A Origem ao adotarem um tom mais sóbrio e ao amansarem as extravagâncias narrativas de Johnston, que sem dúvida são os grandes destaques por aqui. O cineasta mostra coragem ao deixar seu filme se explicar menos que as ficções de Alex Proyas e Christopher Nolan e competência ao não permitir que, apesar de lançar mão de tanta informação, a obra saia de seu controle. Aliás, é do diretor  um dos melhores exemplos de mise-en-scène e timing de 2012, em uma seqüência envolvendo um agente e um menino na sala de uma casa.

Looper, Rian Johnston, 2012 

3 comments:

joao said...

realmente nao gostei. e acho que no final ele podia ter matado so a versão mais velha dele.Porque aí o garotinho não seria órfão e não seguria o caminho da maldade, segundo a logica do protagonista

Vitor said...

Ele tava longe da versão mais velha, e no início do filme existe a pista, quando eles estão conversando sobre o alcance das armas e um personagem diz que a arma só acerta de perto.

Raquel Raposo said...

A cena do menino e do agente é fantástica mesmo!!
Gostei bastante do filme.
E sem SPOILER, hein, Vitor Leite!!!!
KKKKKK...