Oliver Stone adora fazer filmes sobre momentos específicos da América. Entre os alvos do diretor, A Guerra do Vietnã e o 11/09, entre outros, já foram tratados com a devida atenção. Outra característica marcante de Stone é o sensacionalismo. Nos filmes do cineasta, dificilmente existe economia ou sensibilidade na abordagem (em Platoon, as vísceras inundam a tela, em Wall Street - Poder e Cobiça o roteiro se desenrola em uma velocidade assustadora para falar do mercado financeiro, já As Torres Gêmeas não se preocupa nem um pouco com o desenvolvimento patético de seus personagens, e ainda tem The Doors), e não seria diferente agora, momento propício para falar de recessão.
E nada melhor para falar desse momento da atividade econômica do que focar no pequeno empreendedorismo. Ben (Aaron Johnson) e Chon (Taylor Kitsch) são dois melhores amigos que dividem tudo: a casa, uma mansão na ensolarada Califórnia, a garota (a bela O, vivida por Blake Lively) e os negócios, uma lucrativa produção de maconha com um nível de THC extremamente alto. A paz dos dois degringola quando eles recusam uma proposta de união com um dos mais poderosos cartéis mexicanos, que resolvem raptar O para chantagear os rapazes e forçá-los a trabalharem para eles.
De certa forma, é bom ver Stone comandando um longa com energia. O cineasta não poupa esforços para tornar sua mensagem clara e ao mesmo tempo violenta e veloz na medida certa, e conta por aqui com a participação de muitos nomes conhecidos (Salma Hayek, John Travolta, Emile Hirsch, Benicio del Toro) e com a narração em off de O, o que ajuda a contribuir com a aura pop da produção. O problema começa quando o maior traço de Selvagens fica claro: o quanto o fascínio pelo vazio e pelo submundo não gera um comentário crítico sequer. O triângulo amoroso vivido pelos jovens e bonitões Ben, Chon e O não diz nada, a não ser que eles são belos, loiros, ricos e podem fazer o que quiserem, inclusive produzirem uma maconha sensacional e peitarem os cartéis mexicanos em busca da paz e do amor. Os vilões por sua vez são ainda mais malvados quando, quase sempre bigodudos, resolvem gritar ofensas em espanhol. E tudo isso embebido em uma fotografia de cores quentes e um trabalho de som seco, que realça (ou pelo menos tenta) a violência do longa deixando o sangue mais vermelho e as cabeças decepadas mais reais.
Oliver Stone não deixa pedra sobre pedra: responde a todas as perguntas sobre o nada. Nem mesmo a intrigante questão sobre quem são os selvagens (os mafiosos, a juventude do sexo livre ou se são todos a mesma coisa) o cineasta nos deixa resolver. Ao vermos os dois jovens loiros, um ambientalista e um herói de duas guerras, em uma cruzada de sangue para tomar de volta sua amada e seu estilo de vida das mãos da máfia, as imagens falam por si só.
Savages, Oliver Stone, 2012 

2 comments:
pela sua critica achei que teria mais que uma estrela. o trailer foi interessante. mas como estou vendo muito filme já e não dá pra ver todos, esse vou passar. ou pegar uma sessão de promoção
Não achei o filme ruim... Acho que foi porque me encantei com o triângulo amoroso! Rs... Achei lindo eles matando todo mundo para recuperar a amada.
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