Tuesday, October 16, 2012

Ruby Sparks - A Namorada Perfeita


Em 2006, Jonathan Dayton e Valerie Faris despontaram como um cometa no mundo do cinema. Seu Pequena Miss Sunshine foi a sensação daquele ano, apontado como o filme da temporada por alguns e vencendo até o Oscar de Melhor Roteiro Original. Depois disso veio um curioso hiato de 5 anos quebrado por esse Ruby Sparks, sobre um escritor que vê a protagonista de seu novo livro sair das páginas num passe de mágica e agir como sua namorada. Até aí tudo bem, se não percebêssemos de cara que as intenções da dupla de cineastas iam (bem) além do romance indie, e que o próprio processo criativo da dupla teria virado longa-metragem.

Calvin é um escritor que sofre um bloqueio criativo após seu primeiro livro ter sido considerado um clássico instantâneo. Esse bloqueio atrapalha a criação de seu segundo e esperado romance. Tudo vai mal até que Calvin cria Ruby, a principal figura feminina de seu próximo livro, e passa a escrever quase ininterruptamente sua história de amor. É aí que a protagonista sai das páginas e ganha vida, se tornando a namorada do autor. Apesar da cara de pequeno e simpático, esse filme é maligno. É o típico caso do artista que passa a acreditar na própria lenda.

Com apenas um filme no currículo, Dayton e Faris parecem ter achado que era hora de acariciar o ego inflado por prêmios e elogios ao longa anterior. Para tal missão contam com a ajuda de Zoe Kazan, a própria Ruby, na confecção de um roteiro que se esquece de desenvolver seus personagens satisfatoriamente mas que faz o trabalho direitinho quando precisa plantar simbologias (a máquina de escrever sendo trocada por um computador é a mais grave) tão óbvias quanto absurdas, mesmo que elas acabem fazendo sentido por aqui de uma forma bem torta. A todo momento Ruby Sparks tenta gritar para o mundo a genialidade que os cineastas acreditam possuir, sendo representados na trama pelo seu protagonista, que parece se irritar com o rótulo de gênio que todos insistem em reafirmar, mas que na verdade ele em momento algum renega. Aliás, por mais de uma vez Calvin (e o casal de diretores) é comparado a J.D. Salinger.

É quase impossível achar o filme no meio de tanta pretensão.

Ruby Sparks, Jonathan Dayton e Valerie Faris, 2012 

2 comments:

João said...

juro que não achei toda essa pretensão. e achei legal não criar a mulher perfeita, e mesmo quando ele a muda, ela co
ntinua com defeitos

Raquel Raposo said...

Não achei ruim assim!
Também notei a questão que o João levantou, ele tentou mudá-la e ela continuo com defeitos.
Achei o filme legal no início, mas ficou muito chato na reta final. Aquela cena que ele revela que a controla é muito chata!