Frankenweenie

Tim Burton foi um dos cineastas favoritos da minha infância. Responsável por longas como Edward Mãos-de-Tesoura, Os Fantasmas Se Divertem e os dois primeiros Batman (desde sempre meu herói favorito), cada filme de Burton era certeza de uma história interessante contada através de um visual bonito e assustador ao mesmo tempo. Os últimos dez anos, por sua vez, apresentaram um cineasta cansado, dirigindo filmes com um visual ainda carregado e belo, mas desapaixonado e farsesco e (apesar dos belíssimos A Noiva-Cadáver e Sweeney Todd) de qualidade duvidosa.

Por isso o alívio ao conferir esse novo mergulho de Burton nas animações. Frankenweenie pode não ser seu melhor filme, mas em cada quadro nota-se o carinho do cineasta pelo projeto: contando com uma embalagem visual caprichada e repleto de referências aos clássicos do terror, este é um longa-metragem baseado em um curta dirigido pelo próprio Burton em 1984, sobre um garoto solitário que após perder o melhor amigo, seu cão de estimação, resolve revivê-lo através de uma descarga elétrica no melhor estilo Mary Shelley, devidamente homenageada na trama ao nomear uma tartaruga.

É importante salientar a competência da direção e do roteiro (que Burton escreveu com Leonard Ripps, repetindo a parceria do curta-metragem homônimo) em dar ao visual e às referências uma razão para existir. As citações e homenagens a Frankenstein, Godzilla e A Múmia entre outros, surgem de forma orgânica (apesar de em excesso, o que compromete um pouco o resultado) na trama, que tem potencial para conseguir a atenção mesmo do público infantil, que não compreende as referências, mas que afinal é o alvo por aqui.

Após escorregar feio dirigindo produções como Alice no País das Maravilhas, A Fantástica Fábrica de Chocolate e Sombras da Noite de forma preguiçosa, dando origem a obras arrastadas e irreconhecíveis se postas lado a lado com a primeira fase de sua carreira, Tim Burton parece ter reencontrado a boa forma em Frankenweenie, gerando em mim algo que há muito tempo eu não sentia em relação ao cineasta: uma expectativa grande para seu próximo trabalho.

Frankenweenie, Tim Burton, 2012