É
estranho quando assistimos a um filme que fica no “quase”. Aquele filme que não
é ruim, isso é fato, mas que também não chega a ser bom. Que se revela
agradável durante boa parte de sua duração, mas que ao fim não queremos voltar
a vê-lo. Que por mais interessante que seja aqui e ali, nunca chega realmente a
empolgar, ficando sempre perigosamente no meio-termo. Essas características
caem como uma luva em As Sessões, de Ben Lewin.
Escrito
pelo próprio Lewin, o filme conta a história de Mark O’Brien (John Hawkes),
poeta e escritor que perdeu os movimentos do corpo após contrair poliomielite
na infância. Já adulto, se torna próximo de Vera (Moon Bloodgood), que o ajuda
em casa, e do padre Brenan (William H. Macy), para quem confessa se sentir
incompleto devido ao fato de não conhecer o sexo. Mark decide então se
consultar com uma terapeuta sexual, que o indica para Cheryl Cohen Greene
(Helen Hunt), especialista em consciência corporal, que dá ao protagonista a
possibilidade de perder a virgindade.
A
premissa é interessante, e poderia render uma bela comédia romântica se
não soasse tão previsível, principalmente em seu segundo ato. As Sessões possui
qualidades inegáveis. Os bons trabalhos de direção de arte e figurinos são um
show à parte, mostrando que não é preciso uma ambientação histórica para que
seu trabalho seja digno de nota (reparem, por exemplo, no feliz tom de azul da
camisa usada por O’Brien quando este conta para o padre Brenan uma experiência
que tivera). Além disso, o elenco funciona muitíssimo bem, tornando o longa uma
experiência eficiente: engraçado em muitos momentos, especialmente quando
William H. Macy está em cena, e extremamente romântico quando necessário, e a batida mas bela cena em que dois personagens trocam frases de “eu te amo”
após o sexo é prova incontestável dessa qualidade.
Apesar
disso, o trabalho de Lewin tropeça em pontos-chave para o sucesso da
empreitada. O excesso de personagens desnecessários atrapalha o envolvimento
total do espectador com a trama principal. Afinal, não existe motivo para os
curtos, porém pouco relevantes diálogos com a terapeuta interpretada por
Jennifer Kumyiama, ou a indesculpável inclusão de um interesse amoroso do
protagonista na primeira metade de projeção. O roteiro deveria apresentar soluções
sem as distrações que o excesso de personagens causa. Falando no roteiro, o
desenrolar da trama é (como já citado) extremamente previsível, resultado de um
texto problemático que não escapa dos clichês e da fórmula mais utilizada no gênero,
com exceção do corajoso final, que rema contra a corrente e apresenta uma
solução interessantíssima, apesar de ser quase destruído por uma intrusiva e
inexplicável narração em off.
Quando
os créditos começaram a subir eu não sabia o que achar, e mesmo após escrever
esse texto, ainda acho difícil dizer que As Sessões é bom ou ruim. Com tantos
altos e baixos (que dão a impressão de o filme ser uma espécie de navio que
naufraga em um momento, para milagrosamente ressurgir forte no minuto seguinte),
fica a sensação de termos assistido a uma obra que poderia ter sido tanto
memorável quanto uma bomba retumbante, mas que infelizmente se equilibra em
cima do muro, se tornando assim apenas um passatempo gostoso e esquecível.
Observação: A nudez de Helen
Hunt é digna de aplausos por ser ao mesmo belíssima e honesta, prova da entrega
sincera dessa grande atriz, que se mostra no auge do vigor aos 49 anos de
idade.
The Sessions, Ben Lewin, 2012 

1 comment:
concordo com tudo, mas gostei mais que você
nota 7,5
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