Ruben
Fleischer tem uma carreira curta, mas digna de ser acompanhada. Zumbilândia, seu primeiro trabalho,
apresentava momentos inspirados, um visual condizente com o tom da narrativa e,
o que é melhor, equilibrava a trama com precisão, sempre na corda bamba entre a
comédia e o filme de gênero, mas sem nunca pender definitivamente para nenhum
dos dois lados. 30 Minutos ou Menos,
seu longa-metragem seguinte, buscou o oposto: uma comédia rasgada sem momentos
de escalada dramática. Sem ser brilhante, fazia rir, possuía protagonistas
cativantes, um desfecho eficiente. Uma comédia interessante, portanto.
Já
em Caça aos Gângsteres, o cineasta
resolve contar a história da caçada ao mafioso Mickey Cohen, ex-boxeador que
dominou o crime organizado na Los Angeles dos anos 40. Designado pelo chefe da
polícia da cidade, o sargento John O’Mara recebe como missão a montagem de um
esquadrão de policiais empenhados na prisão do bandido. A partir dessa
premissa, quem já assistiu a Os Intocáveis sabe o que vem por aí.
Longe
da veia humorística, Fleischer derrapa pela primeira vez. Alguma coisa parece
bem fora do tom, e nas quase duas horas de projeção, fica evidente que é a
própria mão do diretor que destoa. A proposta visual de Caça aos Gângsteres, não muito diferente de Zumbilândia (mas que ali funcionava gloriosamente), com suas super
câmeras-lentas e sua fotografia limpa, não parecem encaixar bem em uma
narrativa supostamente convencional. Algumas cenas até funcionam bem, como a
perseguição de carro pela estrada de terra ou o tiroteio no hall do hotel, mas
no final fica o estilo pelo estilo, sem adicionar nada ao resultado e sem
construir um momento realmente memorável.
O
elenco (de peso,
que conta com nomes como Josh Brolin, Nick Nolte, Ryan Gosling, Emma Stone e
Michael Peña) até
se esforça. Sean Penn parece entender a natureza da vilania, e suas caras e
bocas criam um Mickey Cohen cinematográfico, destacado da realidade (como já
foi dito, a linguagem pouco realista de Fleischer não ajuda o desenrolar da
trama, mas o ator compreende a linha do diretor e vai na onda). Os outros
atores tentam bastante criar tipos que remetem às figuras clássicas do Noir, o policial incorruptível e a
mulher fatal, mas eles pouco podem fazer, com o desenvolvimento extremamente
problemático que o texto de Will Beall (que chegou a estar cotado para escrever
o filme da Liga da Justiça) dá aos seus personagens.
Sem
realmente empolgar em momento algum, Caça
aos Gângsteres representa a primeira decepção que tive com Ruben Fleischer.
Não é por esse escorregão que deixarei de ansiar pelo próximo trabalho do
cineasta que se revelou uma das grandes surpresas dos últimos anos, mas ficou
provado que a abordagem visual que deu tão certo no início de sua carreira nem
sempre vai funcionar.
Gangster Squad, Ruben Fleischer, 2013 

1 comment:
Tem um grande elenco. talvez eu veja,
zumbilandia passa direto na net e ainda não tive vontade de ver
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