Sunday, August 25, 2013

Os Escolhidos

É muito gratificante assistir a um bom filme de terror hoje em dia. Um filme que apesar das convenções e dos (dependendo do caminho escolhido) clichês, consegue se sair bem, sendo assustador e se desenvolvendo de maneira satisfatória. Seguindo esse pensamento, Os Escolhidos, mistura de Sci-Fi e horror que é o terceiro longa-metragem de Scott Stewart (que antes havia dirigido Legião, que não vi, e o extremamente problemático Padre), é um filme muito mais do que digno, ainda mais por conseguir casar uma trama interessante (apesar de pouco original) com uma realização competente de seu diretor.
                                         
Escrita pelo próprio Stewart, a história gira em torno da família Barrett, que vive na normalidade, contas para pagar, trabalhos a procurar, até que coisas estranhas começam a acontecer. Primeiro o caçula Sam diz ser visitado por alguém à noite. Depois a casa parece ter sido invadida enquanto todos dormiam. A espiral de acontecimentos passa a envolver a todos, os pais Daniel e Lacy, o primogênito Jesse, até que eles enfim percebem que alguma força está atrás da família.

Os Escolhidos tem mais coisas em comum com Sobrenatural, o terror mais assustador dos últimos anos, do que apenas os mesmos produtores. Em ambos os filmes, o terror habita a noite da família protagonista, aproximando um dos filhos da ameaça. Outra semelhança é o fato de inicialmente a casa parecer ser o grande problema, apesar de a frase de Arthur C. Clarke que abre a narrativa por aqui dar pistas do que se seguirá, assim como o grande House of the Devil, de Ti West, também fazia em 2009. Tanto Os Escolhidos quanto Sobrenatural também possuem um tom de homenagem a alguns clássicos dos anos 70 e 80. A grande diferença entre os dois, porém, são os filmes reverenciados em cada um.

Scott Stewart constrói seu filme de maneira exemplar, costurando o desenvolvimento de seus personagens (nada muito profundo, porém com consistência, apresentando as relações familiares e fazendo com que o espectador se importe com cada membro do quarteto de protagonistas) com uma atmosfera crescente de suspense. A partir do segundo ato, o cineasta cria sequencias que se destacam nas produções recentes do gênero, sempre utilizando sua mise-en-scène para mais sugerir do que mostrar. Algumas dessas cenas, as melhores, são construídas justamente em cima de homenagens, com citações que vão de Hitchcock a Poltergeist e Contatos Imediatos de Terceiro Grau.

E mesmo que não consiga se livrar de alguns clichês inevitáveis (como o fato de a internet prover todas as respostas que os protagonistas, que em certo momento se tornam detetives, precisam para entender o que se passa) e muletas narrativas (a inclusão do especialista vivido de forma deliciosa por J.K. Simmons é a mais séria delas), Os Escolhidos consegue certo destaque por se resolver bem, com uma reta final tensa e concluída de forma corajosa, e ainda tendo assustado e (por que não?) divertido no caminho. Ponto para Scott Stewart, um nome para se acompanhar com mais atenção daqui para frente.

Dark Skies, Scott Stewart, 2013 

1 comment:

Raquel Raposo said...

Eu comecei a ver 'Legião', mas achei chato demais e não terminei. Também não sou fã de 'Padre'.

Achei 'Os Escolhidos' um bom filme, e o que me chamou atenção é que o filme é rápido, sem delongas! Tudo começa a acontecer logo no início do filme, sem ser do tipo: vamos mostrar a vida da família durante um bom tempo, depois pequenos sustos e depois tudo começa a acontecer. Isso não acontece nesse filme, ele é bem direto.