É
muito gratificante assistir a um bom filme de terror hoje em dia. Um filme que
apesar das convenções e dos (dependendo do caminho escolhido) clichês, consegue
se sair bem, sendo assustador e se desenvolvendo de maneira satisfatória. Seguindo esse pensamento,
Os Escolhidos, mistura de Sci-Fi e
horror que é o terceiro longa-metragem de Scott Stewart (que antes havia
dirigido Legião, que não vi, e o
extremamente problemático Padre), é
um filme muito mais do que digno, ainda mais por conseguir casar uma trama interessante
(apesar de pouco original) com uma realização competente de seu diretor.
Escrita
pelo próprio Stewart, a história gira em torno da família Barrett, que vive na
normalidade, contas para pagar, trabalhos a procurar, até que coisas estranhas
começam a acontecer. Primeiro o caçula Sam diz ser visitado por alguém à noite.
Depois a casa parece ter sido invadida enquanto todos dormiam. A espiral de
acontecimentos passa a envolver a todos, os pais Daniel e Lacy, o primogênito
Jesse, até que eles enfim percebem que alguma força está atrás da família.
Os Escolhidos
tem mais coisas em comum com Sobrenatural,
o terror mais assustador dos últimos anos, do que apenas os mesmos produtores.
Em ambos os filmes, o terror habita a noite da família protagonista,
aproximando um dos filhos da ameaça. Outra semelhança é o fato de inicialmente
a casa parecer ser o grande problema, apesar de a frase de Arthur C. Clarke que
abre a narrativa por aqui dar pistas do que se seguirá, assim como o grande House of the Devil, de Ti West, também
fazia em 2009. Tanto Os Escolhidos
quanto Sobrenatural também possuem
um tom de homenagem a alguns clássicos dos anos 70 e 80. A grande diferença
entre os dois, porém, são os filmes reverenciados em cada um.
Scott
Stewart constrói seu filme de maneira exemplar, costurando o desenvolvimento de
seus personagens (nada muito profundo, porém com consistência, apresentando as
relações familiares e fazendo com que o espectador se importe com cada membro do
quarteto de protagonistas) com uma atmosfera crescente de suspense. A partir do
segundo ato, o cineasta cria sequencias que se destacam nas produções recentes
do gênero, sempre utilizando sua mise-en-scène para mais sugerir do que mostrar.
Algumas dessas cenas, as melhores, são construídas justamente em cima de
homenagens, com citações que vão de Hitchcock a Poltergeist e Contatos
Imediatos de Terceiro Grau.
E
mesmo que não consiga se livrar de alguns clichês inevitáveis (como o fato de a
internet prover todas as respostas que os protagonistas, que em certo momento
se tornam detetives, precisam para entender o que se passa) e muletas
narrativas (a inclusão do especialista vivido de forma deliciosa por J.K.
Simmons é a mais séria delas), Os
Escolhidos consegue certo destaque por se resolver bem, com uma reta final
tensa e concluída de forma corajosa, e ainda tendo assustado e (por que não?)
divertido no caminho. Ponto para Scott Stewart, um nome para se acompanhar com
mais atenção daqui para frente.
Dark Skies, Scott Stewart, 2013 

1 comment:
Eu comecei a ver 'Legião', mas achei chato demais e não terminei. Também não sou fã de 'Padre'.
Achei 'Os Escolhidos' um bom filme, e o que me chamou atenção é que o filme é rápido, sem delongas! Tudo começa a acontecer logo no início do filme, sem ser do tipo: vamos mostrar a vida da família durante um bom tempo, depois pequenos sustos e depois tudo começa a acontecer. Isso não acontece nesse filme, ele é bem direto.
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