Sunday, November 24, 2013

Sobrenatural: Capítulo 2

Com o lançamento de Jogos Mortais, em 2005, James Wan começou a provar o seu talento no suspense e no terror. Os ótimos Sobrenatural e Invocação do Mal, então, fizeram de Wan um dos grandes nomes nos filmes de assombrações. Sempre apostando em criar primeiro o clima, em cenas que nem sempre contam com os sustos esperados pela plateia, o cineasta malaio se tornou sinônimo de competência no comando de longas de horror.

Sobrenatural: Capítulo 2, sequencia do inesperado sucesso do longa original, representa um escorregão na fama que Wan vinha construindo entre os fãs de filmes de fantasmas. Ao contrário de seu irmão mais velho, que contava com uma construção cuidadosa do suspense, cultivando no espectador o medo dos espíritos que perseguem a família Lambert, em especial o menino Dalton, essa continuação acaba se perdendo justamente ao não conseguir repetir a mesma ambientação assustadora de antes.

Grande parte da responsabilidade pela falha vem do texto de Leigh Whannell que, transpondo a história elaborada por ele e Wan, acaba incorrendo em um dos mais sérios erros dos filmes de horror: o excesso de explicações. Constantemente vemos um personagem explicando, ou tentando explicar, o que está afligindo os Lambert. Em certo momento, a trama acaba dividindo seus personagens em dois grupos, um investigando as assombrações e outro responsável por encarar as almas e assim saciar a fome de sustos do público.

A direção de Wan segura bem as pontas nos dois segmentos da narrativa, honrando suas influencias ao compor suas cenas com calma, esticando a tensão, como no encontro de Renai com a mulher de branco e no modo como ele filma o jogo de dados do antigo ajudante da paranormal Elise, morta no fim do primeiro filme. O problema mesmo acaba sendo o modo que o texto resolve contar uma história amarradinha, o que muitas vezes dá errado em um gênero que funciona melhor quando o espectador não sabe com o que seus protagonistas estão lidando.

O próprio filme acaba soando como um grande aposto em seu desenrolar: desde a primeira sequencia, ambientada em 1986 e que conta com Jocelin Donahue (do grande House of the Devil, de Ti West) como a versão mais nova de Lorraine Lambert, que viria a ser a avó interpretada por Barbara Hershey, procurando ajuda para combater o que quer que venha assombrando seu filho Josh, esse Capítulo 2 acaba soando como se tivesse sido feito apenas para explicar pontas que pareciam soltas com o fim de Sobrenatural.

E esse é o seu maior pecado. Revisitar os acontecimentos do primeiro filme é uma tentação que deveria ter sido evitada. Ao cair nela, não só reexibindo como explicando cenas que eram assustadoras justamente por acontecerem sem mais nem menos, como portas que se abrem sozinhas, Wan e Whannell acabam inclusive abalando a memória daquele poderoso terror de 2010.

Um problema que dificilmente a já confirmada terceira parte conseguirá consertar.

Insidious: Chapter 2, James Wan, 2013 

1 comment:

Raquel Raposo said...

Caramba! Não sabia que o terceiro já estava confirmado.

Achei que ficou tudo muito confuso e sem graça quando eles decidiram ligar coisas como: a porta abrindo e o alarme disparando com a invasão dele mesmo à casa. Sei lá... Ficou muito esquisito... Foi o que você disse, era muito mais assustador quando achávamos que eram fantasmas.