Sem
que seja necessariamente um elogio, se algo pode ser dito de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de
Electro, de Marc Webb, é que ele é muito melhor do que seu antecessor,
embuste lançado em 2012 e que, comandado pelo mesmo Webb, se aproveitava do
apelo multimídia do super-herói para, alegando uma suposta reimaginação do
universo do personagem, reciclar muitas ideias que haviam sido mostradas pouco
tempo antes (e com muito mais talento) por Sam Raimi.
Apesar
da decepção, é inegável que em algumas coisas a reinterpretação do Aranha
realmente tentava caminhar com as próprias pernas, principalmente no que diz
respeito ao tratamento dado aos dramas de Peter Parker. O problema é que forçar
uma relação entre a vida do protagonista e o passado de seu pai na Oscorp sob
pretexto de revestir a trama de realismo acabava funcionando na direção
contrária, criando uma espécia de “falso mundo real”, único lugar onde tantas
conexões poderiam coexistir. É a christophernolanização das adaptações de HQs
para o Cinema, após os bilhões arrecadados pela Trilogia O Cavaleiro das Trevas e de O
Homem de Aço.
E
sua sequência não vai por caminho diferente. Pelo contrário: insiste na
personalidade hipster de Peter Parker ao mesmo tempo em que explora seu
exibicionismo ao envergar o traje, em uma decisão dos roteiristas, que merecem
elogios pelo menos por sua persistência em apostar novamente no que já deu
errado uma vez. Dessa vez porém, o espectador é recompensado por um texto mais
equilibrado, que dá mais camadas a Peter, desenvolvendo o relacionamento com
Gwen e resolvendo o passado do protagonista de maneira aparentemente
definitiva, ao mesmo tempo em que o herói gera, em ação contra os vilões
Electro e Rino, um interessante olhar sobre o poder da imagem e da fama.
Com
todas as aventuras e cenas de pancadaria protagonizadas pelo Homem-Aranha e
seus inimigos nas ruas e nos céus de Nova York, dessa vez os habitantes da
Metrópole se mobilizam para assistir ao Amigo da Vizinhaça saindo em sua defesa,
transformando em alambrados as grades que a polícia usa para isolar as pessoas
do perigo. E a cena em que os telões vão substituindo a imagem de Electro pelo foco
no Aranha, por desenhar de forma rápida o nascimento da rivalidade no vilão bem
vivido por Jamie Foxx, é perfeita em sua economia.
Apesar
desse momento, o filme tem pouco ou nada de econômico. Os roteiristas Roberto
Orci e Alex Kurtzman, autores do texto em parceria com Jeff Pinker, e o diretor
Marc Webb não são exatamente mestres da introspecção, e mais de uma vez em O Espetacular Homem-Aranha 2 eles optam
por criar cenas em razão do seu impacto por serem chamativas (e a fantástica
concepção visual de Spidey e seus contrários contribui para essa característica),
e não dramáticas. Não que o filme de super-herói seja exemplo de gênero denso,
mas dessa vez eles levam ao pé-da-letra, pelo menos nas intenções, o espetáculo
presente no título.
A
essa pouca economia soma-se a incapacidade do texto de conferir motivações
dignas aos vilões (é decepcionante descobrir que a “ameaça” de Electro é causar
um apagão, coisa que as cidades brasileiras estão cansadas de encarar) que
acabam conspirando contra o score final. Um exemplo de impaciência do roteiro
para dar um peso real à aventura, ao invés da impressão de peso.
Tal
impaciência faz com que a narrativa tome decisões que incomodam em alguns
momentos por não investirem em explicação ou preparação de terreno algumas, o
que gera mudanças repentinas no direcionamento do longa. Um exemplo claro disso
é o acontecimento mais dramático de todo o filme, que catalisa as mudanças e o
amadurecimento de Peter e que aqui, em razão de soar mais impactante, é deixado
para o terceiro ato, sem que o espectador possa realmente assistir aos efeitos
de tal evento.
No
fim das contas, sobra pompa à série O
Espetacular Homem-Aranha, mas falta urgência (em um momento uma personagem
diz ser a única capaz de reiniciar um sistema, mas ela apenas puxa uma alavanca
de “Reset” e pronto, tudo resolvido). Ser importante é muito melhor do que se
achar importante, mas parece que Orci, Kurtzman e Webb ainda não entenderam
isso.
The Amazing Spider-Man 2, Marc Webb, 2014
½

2 comments:
"é decepcionante descobrir que a “ameaça” de Electro é causar um apagão, coisa que as cidades brasileiras estão cansadas de encarar)"
hahahaha. sacanagem.
gosto do filme. è um mais do mesmo> homem aranha enfrentando um vilão que ganhou poderes graças a um acidente que so acontece em filmes ou gibis.
Mas gostie do lado humano do filme. a primeira aparição de electro é emocionante e msotra todo o preconceito que as pessoas tem com os diferentes
é verdade que a série X -men ja mostrou isso de forma bem melhor, mas ainda assim gostei das cenas. acho que a habilidade do diretor em 500 dias com ela para o lado humano foi importante aqui. Fora que as cenas de ação me parecerem bem mais organicas
Adorei o filme!
Acho muito melhor que o primeiro. Também gosto muito mais do Homem-Aranha do Andrew Garfield.
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