Sunday, May 11, 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

Sem que seja necessariamente um elogio, se algo pode ser dito de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, de Marc Webb, é que ele é muito melhor do que seu antecessor, embuste lançado em 2012 e que, comandado pelo mesmo Webb, se aproveitava do apelo multimídia do super-herói para, alegando uma suposta reimaginação do universo do personagem, reciclar muitas ideias que haviam sido mostradas pouco tempo antes (e com muito mais talento) por Sam Raimi.

Apesar da decepção, é inegável que em algumas coisas a reinterpretação do Aranha realmente tentava caminhar com as próprias pernas, principalmente no que diz respeito ao tratamento dado aos dramas de Peter Parker. O problema é que forçar uma relação entre a vida do protagonista e o passado de seu pai na Oscorp sob pretexto de revestir a trama de realismo acabava funcionando na direção contrária, criando uma espécia de “falso mundo real”, único lugar onde tantas conexões poderiam coexistir. É a christophernolanização das adaptações de HQs para o Cinema, após os bilhões arrecadados pela Trilogia O Cavaleiro das Trevas e de O Homem de Aço.

E sua sequência não vai por caminho diferente. Pelo contrário: insiste na personalidade hipster de Peter Parker ao mesmo tempo em que explora seu exibicionismo ao envergar o traje, em uma decisão dos roteiristas, que merecem elogios pelo menos por sua persistência em apostar novamente no que já deu errado uma vez. Dessa vez porém, o espectador é recompensado por um texto mais equilibrado, que dá mais camadas a Peter, desenvolvendo o relacionamento com Gwen e resolvendo o passado do protagonista de maneira aparentemente definitiva, ao mesmo tempo em que o herói gera, em ação contra os vilões Electro e Rino, um interessante olhar sobre o poder da imagem e da fama.

Com todas as aventuras e cenas de pancadaria protagonizadas pelo Homem-Aranha e seus inimigos nas ruas e nos céus de Nova York, dessa vez os habitantes da Metrópole se mobilizam para assistir ao Amigo da Vizinhaça saindo em sua defesa, transformando em alambrados as grades que a polícia usa para isolar as pessoas do perigo. E a cena em que os telões vão substituindo a imagem de Electro pelo foco no Aranha, por desenhar de forma rápida o nascimento da rivalidade no vilão bem vivido por Jamie Foxx, é perfeita em sua economia.

Apesar desse momento, o filme tem pouco ou nada de econômico. Os roteiristas Roberto Orci e Alex Kurtzman, autores do texto em parceria com Jeff Pinker, e o diretor Marc Webb não são exatamente mestres da introspecção, e mais de uma vez em O Espetacular Homem-Aranha 2 eles optam por criar cenas em razão do seu impacto por serem chamativas (e a fantástica concepção visual de Spidey e seus contrários contribui para essa característica), e não dramáticas. Não que o filme de super-herói seja exemplo de gênero denso, mas dessa vez eles levam ao pé-da-letra, pelo menos nas intenções, o espetáculo presente no título.

A essa pouca economia soma-se a incapacidade do texto de conferir motivações dignas aos vilões (é decepcionante descobrir que a “ameaça” de Electro é causar um apagão, coisa que as cidades brasileiras estão cansadas de encarar) que acabam conspirando contra o score final. Um exemplo de impaciência do roteiro para dar um peso real à aventura, ao invés da impressão de peso.

Tal impaciência faz com que a narrativa tome decisões que incomodam em alguns momentos por não investirem em explicação ou preparação de terreno algumas, o que gera mudanças repentinas no direcionamento do longa. Um exemplo claro disso é o acontecimento mais dramático de todo o filme, que catalisa as mudanças e o amadurecimento de Peter e que aqui, em razão de soar mais impactante, é deixado para o terceiro ato, sem que o espectador possa realmente assistir aos efeitos de tal evento.

No fim das contas, sobra pompa à série O Espetacular Homem-Aranha, mas falta urgência (em um momento uma personagem diz ser a única capaz de reiniciar um sistema, mas ela apenas puxa uma alavanca de “Reset” e pronto, tudo resolvido). Ser importante é muito melhor do que se achar importante, mas parece que Orci, Kurtzman e Webb ainda não entenderam isso.

The Amazing Spider-Man 2, Marc Webb, 2014 ½

2 comments:

joao said...

"é decepcionante descobrir que a “ameaça” de Electro é causar um apagão, coisa que as cidades brasileiras estão cansadas de encarar)"

hahahaha. sacanagem.

gosto do filme. è um mais do mesmo> homem aranha enfrentando um vilão que ganhou poderes graças a um acidente que so acontece em filmes ou gibis.

Mas gostie do lado humano do filme. a primeira aparição de electro é emocionante e msotra todo o preconceito que as pessoas tem com os diferentes

é verdade que a série X -men ja mostrou isso de forma bem melhor, mas ainda assim gostei das cenas. acho que a habilidade do diretor em 500 dias com ela para o lado humano foi importante aqui. Fora que as cenas de ação me parecerem bem mais organicas

Raquel Raposo said...

Adorei o filme!
Acho muito melhor que o primeiro. Também gosto muito mais do Homem-Aranha do Andrew Garfield.