É
impossível não pensar que a loucura É o
Fim, filme mais pessoal da turma de comediantes e amigos formada por nomes
como Seth Rogen, James Franco e Jonah Hill teria sido mais bem-sucedida no
Brasil se todas as comédias protagonizadas por eles tivessem tido o mesmo
espaço nos cinemas brasileiros. Lotada de referências às filmografias dos
astros, a produção consegue o feito de combinar dois sub-gêneros que parecem
ter muito pouco em comum: os filmes-catástrofe e os bromances.
Escrita
pela dupla Seth Rogen e Evan Goldberg (responsáveis pelos textos de Segurando as Pontas e Superbad, e que agora estreiam na
direção), É o Fim é uma adaptação do
curta-metragem Jay and Seth vs. The
Apocalypse. Na história, o ator James Franco recebe os amigos para a festa
de inauguração de sua mansão. Lotada de astros e seus excessos, a festa corria
muito bem até que o mundo começa a testemunhar o Apocalipse, com direito a
arrebatamentos (em raios azuis que descem do céu) e demônios andando pela
Terra.
É
interessante ver os atores encarnando e parodiando a si próprios. Por se tratar
de um filme de amigos, É o Fim por
vezes tem gosto de piada interna, o que acentua a autocrítica (como na cena em
que Hill se apresenta como “Jonah Hill, de O
Homem que Mudou o Jogo”, mesmo tendo construído sua carreira em cima da
comédia) e dá o tom da metalinguagem que infelizmente, como já foi dito, perde
um pouco de sua força em terras brazucas porque alguns filmes que ajudaram a
moldar a metalinguagem, como Tá Rindo do
Quê?, Sua Alteza? e Segurando as Pontas foram lançados
direto em DVD por aqui.
Rogen
e Goldberg mostram timing cômico e inteligência no equilíbrio entre a paródia e
o desenrolar da trama, justamente por entrelaçar as duas vertentes: apesar de
ser, em linhas gerais, um filme-catástrofe por natureza, os diretores costuram
a narrativa aos filmes sobre amizade masculina de Judd Apatow e Cia., apostando
em saídas que buscam balancear a proposta que, justamente por ter a já citada
cara de piada interna, poderia afastar o público se feita de maneira autoindulgente
ou egocêntrica, como se os autores olhassem para o próprio umbigo.
Uma
dessas saídas é o protagonismo de Jay Baruchel, nome um pouco menos famoso do
que seus companheiros de cena e que, ao mesmo tempo em que ganha enfim um papel
de destaque, acaba servindo como os olhos do espectador dentro da mansão na
qual Rogen, Franco, Hill, Craig Robinson e Danny McBride se refugiam. A escolha
de Baruchel se revela acertada e a pouca fama do ator é bem retratada desde a
primeira cena do longa, que mostra Rogen indo recebê-lo no aeroporto, e sendo o
único da dupla a ser reconhecido pelas pessoas.
Outra
característica marcante do sucesso de É
o Fim é o seu elenco, que se entrega completamente aos absurdos que
permeiam a trama. Desde as pontas fantásticas de Michael Cera e Emma Watson,
até chegar aos protagonistas do longa, ver os atores em momentos inacreditáveis
como a discussão de Franco e McBride sobre masturbação e a referência a O Bebê de Rosemary, ou recitando frases
como “A Santa Trindade é como sorvete napolitano” é de uma criatividade que,
além de matar de rir, refresca de maneira revigorante esse fraco ano para a
comédia.
Talvez
com outros nomes na direção, o elenco não tivesse se dedicado com tanto afinco
a dar credibilidade ao ridículo, ao disparate quase herético de chegar ao
Paraíso ao som de Backstreet Boys. O bromance
(na frente a atrás das câmeras) deu o tom de É o Fim, e é também a razão de seu sucesso.
This is the End, Seth Rogen e Evan Goldberg, 2013 ½
1 comment:
otimo filme. mas eu mesmo devo ter perdido varias piadas ja que nao vi muitas dessas comedias
e se apresentar como o ator de o Homem que mudou o jogo me pareceu um cena de um plus a mais, do tipo, faco comedias, mas ja fiz filmes serios e fui indicado ao oscar
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