Friday, May 30, 2014

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Já faz um bom tempo que os fãs pararam de reclamar da falta de fidelidade da versão cinematográfica dos X-Men em relação aos quadrinhos. É sabido que os filmes dos filhos do átomo e também as aventuras-solo de Wolverine se aproveitam de momentos importantes e algumas fases gloriosas das HQs (a saga da Fênix Negra, Eu, Wolverine, entre outros) para construírem tramas que, sim, funcionam nas telas. Por esse prisma, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, de Bryan Singer, não difere em nada de seus antecessores: ao deturpar uma história clássica, torna-se coerente com o resto da série.

Essa desconexão com o universo estabelecido na Nona Arte não representa exatamente um problema: talvez com exceção de O Confronto Final, a série se sustenta muitíssimo bem nos cinemas. O próprio Singer fez de X-Men 2 um dos filmes de super-heróis definitivos modificando bastante uma história dos mutantes (Deus Ama, o Homem Mata) e na melhor cena de Dias de um Futuro Esquecido, na qual um irreconhecível mas divertidíssimo Mercúrio salva a vida de três companheiros enquanto distribui gracejos e pancadas em velocidade absurda, o cineasta parece rir dos que ainda esperam algum eco de Chris Claremont nos roteiros.

Infelizmente, apesar da coragem do cineasta em bancar sua versão para personagens e sagas sem com isso esquecer os dilemas e as metáforas do universo concebido por Stan Lee, o alívio cômico do Mercúrio vivido por Evan Peters é um dos poucos momentos inspirados de Dias..., adaptação de uma das mais célebres histórias de viagens no tempo da cultura POP, da qual Singer tira a beleza e a poesia com seu excesso de cerimônia. Sim, porque ao invés de se concentrar na trama, o diretor sente que é hora da mudança definitiva, de passar o bastão.

E o longa parece flutuar entre o desenvolvimento de seus personagens, que é raso (ao contrário dos densos filmes anteriores) e subaproveita os heróis (retira de Kitty Pride o protagonismo do material original, já que agora é Wolverine que, pasmem com a revelação, toma conta da ação, dando à mutante de Ellen Page uma importância que não se sustenta após o espectador refletir por alguns momentos).

Quando tenta andar com a narrativa, funciona melhor, apesar do didatismo do texto de Simon Kinberg. O futuro no qual encontramos os personagens nas primeiras cenas faz uma rima interessante com o início do primeiro X-Men, de 2000. Com humanos escravizados e mutantes vencidos, temos uma realidade na qual os Sentinelas são os senhores. Os poucos mutantes que sobraram na resistência, sob o comando de Xavier e Magneto, decidem pelo plano de enviar Wolverine de volta a 1973 (utilizando poderes de Kitty até então desconhecidos do espectador) para que ele possa impedir a morte não do senador Robert Kelly pelas mãos de Sina, como na concepção original, mas de Bolívar Trask (o sempre ótimo Peter Dinklage) por uma furiosa Mística.

O assassinato de Bolívar Trask pelas mãos de uma mutante fez com que o governo norte-americano aprovasse o projeto da criação das Sentinelas, e cabe a Wolverine unir-se aos jovens Xavier e Magneto (James McAvoy e Michael Fassbender voltam a encarnar os amigos/oponentes com vontade) para impedirem juntos o crime de Mística. Essa união entre os elencos da trilogia original e de Primeira Classe (mesmo que poucos personagens das duas linhas temporais realmente dividam a tela) funciona, mas teria sido ainda melhor se Singer não se preocupasse tanto em homenagear Patrick Stewart, Halle Berry & Cia, com cenas que vão do piegas (a câmera lenta na principal cena de Berry) à solenidade irritante do desfecho, que desfaz toda a boa impressão causada pela ótima sequência do estádio, e aproxima X-Men de Lost.

O Porquê disso tudo? Aparentemente Singer parece nos obrigar a dar adeus a ELE, à SUA série e aos personagens que ELE transpôs para a película, em um exercício que exibe um ego bem grande, e pior, ignorância em relação aos fãs mais antigos. Logicamente, ele mal sabe que para quem cresceu lendo as páginas coloridas e nem um pouco sisudas dos gibis, os mutantes nunca vão sair de cena.

X-Men: Days of Future Past, Bryan Singer, 2014 

4 comments:

joao said...

acho o filme sensacional.até cocordo a homenagem aos atores dos mais antigos pode ser meio forçada, mas ok
quanto ao poder da Kitty, eu não conheço np gibo, logo pra mim não soou estranho

mas isso trás uma questão interessante. personagens ficticios tem suas regra? porque se alterasse radicalmente o pode de cada mutante, será que isso poderia ser um problema para o filme caso ele funcionasse? porque eu como não conheço os gibis não saberia

joao said...

acho o filme sensacional.até cocordo a homenagem aos atores dos mais antigos pode ser meio forçada, mas ok
quanto ao poder da Kitty, eu não conheço np gibo, logo pra mim não soou estranho

mas isso trás uma questão interessante. personagens ficticios tem suas regra? porque se alterasse radicalmente o pode de cada mutante, será que isso poderia ser um problema para o filme caso ele funcionasse? porque eu como não conheço os gibis não saberia

juliana said...

Achei o filme confuso no início (mas isso não conta, sou confusa, rsrsrsrrs) mas depois foi ficando bem interessante, gostei.

Raquel Raposo said...

Achei o filme animal!
Aquele final na escola é lindo demais!