Já
faz um bom tempo que os fãs pararam de reclamar da falta de fidelidade da
versão cinematográfica dos X-Men em relação aos quadrinhos. É sabido que os
filmes dos filhos do átomo e também as aventuras-solo de Wolverine se
aproveitam de momentos importantes e algumas fases gloriosas das HQs (a saga da
Fênix Negra, Eu, Wolverine, entre
outros) para construírem tramas que, sim, funcionam nas telas. Por esse prisma,
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido,
de Bryan Singer, não difere em nada de seus antecessores: ao deturpar uma
história clássica, torna-se coerente com o resto da série.
Essa
desconexão com o universo estabelecido na Nona Arte não representa exatamente
um problema: talvez com exceção de O
Confronto Final, a série se sustenta muitíssimo bem nos cinemas. O próprio
Singer fez de X-Men 2 um dos filmes
de super-heróis definitivos modificando bastante uma história dos mutantes (Deus Ama, o Homem Mata) e na melhor cena
de Dias de um Futuro Esquecido, na
qual um irreconhecível mas divertidíssimo Mercúrio salva a vida de três
companheiros enquanto distribui gracejos e pancadas em velocidade absurda, o
cineasta parece rir dos que ainda esperam algum eco de Chris Claremont nos
roteiros.
Infelizmente,
apesar da coragem do cineasta em bancar sua versão para personagens e sagas sem
com isso esquecer os dilemas e as metáforas do universo concebido por Stan Lee,
o alívio cômico do Mercúrio vivido por Evan Peters é um dos poucos momentos
inspirados de Dias..., adaptação de uma das mais célebres histórias de viagens
no tempo da cultura POP, da qual Singer tira a beleza e a poesia com seu
excesso de cerimônia. Sim, porque ao invés de se concentrar na trama, o diretor
sente que é hora da mudança definitiva, de passar o bastão.
E
o longa parece flutuar entre o desenvolvimento de seus personagens, que é raso
(ao contrário dos densos filmes anteriores) e subaproveita os heróis (retira
de Kitty Pride o protagonismo do material original, já que agora é Wolverine
que, pasmem com a revelação, toma conta da ação, dando à mutante de Ellen Page uma
importância que não se sustenta após o espectador refletir por alguns
momentos).
Quando
tenta andar com a narrativa, funciona melhor, apesar do didatismo do texto de
Simon Kinberg. O futuro no qual encontramos os personagens nas primeiras cenas faz
uma rima interessante com o início do primeiro X-Men, de 2000. Com humanos escravizados e mutantes vencidos, temos
uma realidade na qual os Sentinelas são os senhores. Os poucos mutantes que
sobraram na resistência, sob o comando de Xavier e Magneto, decidem pelo plano
de enviar Wolverine de volta a 1973 (utilizando poderes de Kitty até então
desconhecidos do espectador) para que ele possa impedir a morte não do senador
Robert Kelly pelas mãos de Sina, como na concepção original, mas de Bolívar
Trask (o sempre ótimo Peter Dinklage) por uma furiosa Mística.
O
assassinato de Bolívar Trask pelas mãos de uma mutante fez com que o governo
norte-americano aprovasse o projeto da criação das Sentinelas, e cabe a
Wolverine unir-se aos jovens Xavier e Magneto (James McAvoy e Michael
Fassbender voltam a encarnar os amigos/oponentes com vontade) para impedirem
juntos o crime de Mística. Essa união entre os elencos da trilogia original e
de Primeira Classe (mesmo que poucos personagens das duas linhas temporais
realmente dividam a tela) funciona, mas teria sido ainda melhor se Singer não
se preocupasse tanto em homenagear Patrick Stewart, Halle Berry & Cia, com cenas
que vão do piegas (a câmera lenta na principal cena de Berry) à solenidade
irritante do desfecho, que desfaz toda a boa impressão causada pela ótima
sequência do estádio, e aproxima X-Men
de Lost.
O
Porquê disso tudo? Aparentemente Singer parece nos obrigar a dar adeus a ELE, à
SUA série e aos personagens que ELE transpôs para a película, em um exercício
que exibe um ego bem grande, e pior, ignorância em relação aos fãs mais
antigos. Logicamente, ele mal sabe que para quem cresceu lendo as páginas coloridas e nem um pouco sisudas
dos gibis, os mutantes nunca vão sair de cena.
X-Men: Days of Future Past, Bryan Singer, 2014 

4 comments:
acho o filme sensacional.até cocordo a homenagem aos atores dos mais antigos pode ser meio forçada, mas ok
quanto ao poder da Kitty, eu não conheço np gibo, logo pra mim não soou estranho
mas isso trás uma questão interessante. personagens ficticios tem suas regra? porque se alterasse radicalmente o pode de cada mutante, será que isso poderia ser um problema para o filme caso ele funcionasse? porque eu como não conheço os gibis não saberia
acho o filme sensacional.até cocordo a homenagem aos atores dos mais antigos pode ser meio forçada, mas ok
quanto ao poder da Kitty, eu não conheço np gibo, logo pra mim não soou estranho
mas isso trás uma questão interessante. personagens ficticios tem suas regra? porque se alterasse radicalmente o pode de cada mutante, será que isso poderia ser um problema para o filme caso ele funcionasse? porque eu como não conheço os gibis não saberia
Achei o filme confuso no início (mas isso não conta, sou confusa, rsrsrsrrs) mas depois foi ficando bem interessante, gostei.
Achei o filme animal!
Aquele final na escola é lindo demais!
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